Meu avô
Puro, simples e honesto, meigo e acolhedor.
Sentado em sua poltrona, passava horas em frente à TV, fazendo palavras cruzadas, das de mais alto nível, sem incomodar ninguém.
Era um homem limpo, diferente de muitos de mesma idade.
Não falava mal de ninguém nem se queixava de nada, a não ser de suas pernas que dizia estarem enferrujadas pelo tempo.
Seus olhos eram como diamantes lapidados, de um brilho forte e sincero. Tinha gestos firmes e suaves, sua voz era macia com plumas de pavão.
Seus passos, lentos e silenciosos, acalentavam nossa madrugada fria e sombria.
Ele se foi, deixando eternas saudades a todos nós, saudades dolorosas, mas belas lembranças – de um alguém importante e de alma transparente – que passaram a ser contempladas por todos que o amavam.
16/01/2002