Poema As Almas Tradutórias

A cada dia, homenageia-se uma profissão.

Assim como a de confeiteiro que transforma

os ingredientes em bolos, tortas e outros quitutes,

que nos saltam aos olhos e nos convidam ao desfrute,

não poderia faltar a de tradutor,

que com as palavras decodifica o babelismo propagado

e faz com que o incógnito seja finalmente desvelado.

A excitação exacerbada do paciente,

na tentativa de expressar pela sua linguagem

a debilidade que realmente sente;

e o intérprete, elucidando o incompreensível idioma ao médico,

que agora pode administrar corretamente

os cuidados necessários àquele postulado doente.

Sentada diante da telinha, a senhorinha com a visão já embaçada,

quiçá pela idade avançada... não consegue acompanhar as letrinhas

que teimam em acelerar desembestadas,

deixando lacunas de compreensão

e lembranças vagas das cenas rapidamente passadas.

E eis que surge a dublagem, que possibilita àquela idosa,

entre tantas outras por aí afora,

desvencilhar-se das legendas diligentes

e entreter-se com o que lhe é relevante, sem fazer muito alarde;

uma simples comédia prazerosa, em um corriqueira sessão da tarde.

Enamorados, solitários, aventureiros, peregrinos...

viajam pela estrada da vida em busca de um destino.

Passam por ruas, vielas, casarios e veredas,

levando consigo o leitor maravilhado e surpreso,

ávido pelo o que tradutor relata de forma tão eminente

nos capítulos de cada história, por si só transcendente.

Por detrás da cortina fechada, um mundo se desvenda;

a escuridão é uma circunstância que pode ser desvanecida

pelas palavras, que se transformam em imagens

e que permitem que a inclusão seja estabelecida.

O audiodescritor leva a magia das formas, dos traços, da vida...

a todos que merecem ver a acessibilidade assentida.

Corriqueiros e simples fatos do dia a dia trivial

de um tradutor que, no seu cantinho habitual,

pesquisa, traduz, revisa em um frenesi sem igual.

Dia 30 de setembro é o dia do tradutor.

Parabéns ao interlingual intérprete e comunicador

que, por meio da palavra escrita ou oral,

nos remete a uma inimaginável viagem atemporal.