FESTINHA SEM BOLO E SEM BOMBOM

Já se passaram mais de 40 anos que aconteceu o que irei relatar, envolvendo seu Valdemar e dois de seus filhos, o inocente inteligente e o arquiteto astuto.

Final dos anos 70 e lá estava seu Valdemar curtindo sua folga de oito dias com a família, depois de uma jornada de 22 dias longe de casa. Meu irmão o inocente, não sei por qual motivo resolveu adiantar sua mesada e pegou na porta cédula do pai, uma nota de baixo valor, mas, que ele não fazia ideia do que poderia ser comprado com ela, optou por bombons, e foi até a mercearia da esquina. Segundo o arquiteto que não estava presente na compra e nem na aquisição do dinheiro, o inocente lhe disse que o comerciante ainda lhe perguntou se queria todo o dinheiro de bombom, e ele respondeu que sim foi quando lhe entregou 28 bombons. Quando retornava da mercearia, de longe o arquiteto viu aquela aflição e correu ao seu encontro, os dois conversaram alguns instantes e continuaram o caminho de volta para casa. Não contavam que o pai ao abrir a vidraça da janela que dava para rua, presenciou toda a cena desde o encontro dos dois, foi nessa hora que ele resolveu recepciona-los na entrada de casa, o susto foi tão grande que alguns bombons caíram, seu Valdemar com paciência pediu para que os dois sentassem no sofá da sala, e já foi direto ao assunto, perguntando como conseguiram aqueles bombons. O arquiteto então disse: - Vai mano, fala ai pro o pai! O inocente já estava quase chorando depois daquela pergunta, disse quase soluçando, que contaria mas pediu que o pai não usasse a palmatoria como castigo, para os que não conhecem uma palmatoria seria um pedaço de madeira tipo uma ripa, que ao se encontrar com a palma de uma mão causa uma cosquinha bem agradável e depois do segundo encontro, o dono da mão não resiste e cai na gargalhada. Seu Valdemar então lhe prometeu que não faria nada, e que, dependendo da gravidade poderia até lhe dar um castigo. Ele com a voz embargada e com lagrimas nos olhos lhe disse:

- Pai, eu peguei o seu dinheiro... e ... comprei esses bombons.

Seu Valdemar pensou um instante e antes de decretar o castigo, resolveu ir a fundo naquela peraltice, perguntou o que tinha dito o arquiteto quando se encontraram na rua de volta da mercearia. Como o inocente já estava no lucro pois não levaria os bolos, não demorou para contar toda a armação arquitetada:

- Pai, ele mandou que eu mentisse para o senhor, se caso me perguntasse era pra dizer que havia ganho o dinheiro de um bêbado que ia passando na rua.

Ao ouvir, seu Valdemar disse para os dois que poderia dividir os bolos conforme a quantidade de bombons, mas como havia prometido que não iria usar a palmatoria lhes daria um castigo.

Terminado o interrogatório, vamos ao castigo, seu Valdemar chamou os dois até a salinha, onde havia um armário que ficava no caminho para todos os cômodos da casa, enfileirou os 28 bombons e disse:

- Não vou dar bolo em ninguém, mas se daqui vinte poucos dias, quando voltar se estiver faltando um bombom, vocês ganharam o dobro dos bolos.

Quando voltou todos os bombons estavam lá, alguns as formigas já haviam alterado sua forma. Dois dias depois ele chegou em casa com um pacote de bombom e entregou para a mãe, e pediu que nos desse todo dia um ou dois.

Foram mais de 20 dias passando, de manhã, de tarde e a anoite, pelos bombons, acredito que os dois em algum momento pensaram;

Há se eu pudesse trocar os amargos bolos pelos doces bombons.

Elton Portela
Enviado por Elton Portela em 02/04/2020
Reeditado em 02/08/2023
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