ENQUANTO UNS CHORAM, OUTROS VENDEM LENÇOS

Vai pra onde?! Me perguntou seu Valdemar - Vou pescar, respondi. Ele então fez que não havia entendido e, tornou a me perguntar - Vai pra onde? E eu novamente lhe respondi que iria pescar. Dessa vez já com uma voz mais ríspida, não só reprova o meu lazer como também me dá ideia do que deveria fazer, em vez de ir para pescaria: - Porque você não vai procurar um trabalho ou algo pra fazer, que tenha mais futuro do que ir pra pescaria, pega uma escova e vai lavar esses muros e dar uma caiada neles.

Eu então lhe disse:

Pai, eu trabalho de dia e estudo a noite, durante toda semana, acho que quando chega o sábado, devo dar um tempo na rotina e curtir uma pescaria, porque a vida não é só trabalho, entendeu!?

Mas uma vez ele me reprova, mas me dá uma opção para que possa lhe convencer que a minha pescaria não é algo sem futuro como ele acha, e me diz:

- Meu filho... vamos pegar meu carro, e eu quero que você me leve na casa de um pescador bem de vida, ai eu não falo nada e você pode pescar o dia que quiser.

Antes que eu falace algo, ele imediatamente conclui:

- Agora se você quiser que eu lhe mostre a mansão do homem que compra os peixes do pescador, não é preciso nem a gente ir de carro, eu conheço um que mora aqui perto de casa; Ele não tem só uma mansão, ele tem fazenda, três carro na garagem, uma lancha potente, dois caminhão frigorifico, muito dinheiro no banco, bem uns cinco empregados só na casa, as filhas estudando nos estados unidos. - E lhe digo mas, a maioria dos pescadores que vendem o peixe pra ele, estão devendo a metade das tralhas de pesca, que ele adiantou para que eles pudessem pescar.

Fiquei pensando no que ele falou e infelizmente, esta é sem dúvida uma cruel realidade, como não será eu que irei muda-la, fui pescar, e comentei com meus amigos, alguns eram parentes de pescadores, que sonhavam em um dia estar do outro lado deste oceano.