Natureza
(para que tenhamos um amanhã para as nossas crianças,
presto aqui uma pequena homenagem à Mãe-Natureza)
Sou os pés do lenhador,
que corta estradas,
que desce montes.
Sou, de Deus, o guardador
das ribanceiras e das fontes.
Sou a folha que cai
pelo ar desfalecida.
Sou a pedra que trai
a ave que foi ferida.
Sou a dança dos sapos
ao luar de primavera.
Sou os vaga-lumes nos matos
estrelas de outras eras.
Sou a púrpura das flores
que dançam ao sol poente.
Sou, de Deus, seus dissabores
que em mim causam tantas gentes.
Sou o nó nos cabelos
do trigo, que ainda me ama.
Sou o teu sono, amigo,
se me respeitas em minha cama.
Direitos autorais reservados. Lei 9.610 de 19.02.98)
(da série Ventos e Cantos, RJ, 1994)