LADRÃO QUE ROUBA LADRÃO NÃO É O DONO DA PLANTAÇÃO

Essa é uma daquelas histórias que seu Valdemar me contou de seu tio Antonio, conhecido como tio Tontonho, tudo começa em uma noite escura, com o tempo fechado, trovões e relâmpagos, esse era o cenário perfeito para a visita de ladrões aos plantios dos senhores de posses para roubar mandioca, a raiz que se transforma em alimento para o homem e os animais, e que é, a matéria prima da farinha. Estes ladrões após arrancarem os frutos-raiz, também levavam a maniva, que é o caule fino da planta, que ao ser cortado em pedaços, e plantados, os brôtos germinavam e se transformavam em uma nova planta.

Seu Valdemar conta que tio Tontonho, saia para a colheita como se fosse sócio na plantação, não levava se quer um terçado, um saco ou mesmo cordões para amarrar os fechos de maniva. Ao entrar na roça, andava sorrateira e calmamente sem fazer barulho, não demorava a encontrar-se com outro ladrão, que também no silencio colhia a mandioca e preparava os fechos de maniva. Tontonho mantinha uma certa distância do larapio e naquele escuro procurava ouvir, e imaginar a que ponto do trabalho o ladrão já estava, uma vez que deveria arrancar a mandioca, cortar a maniva e amarrar o fecho. Ao perceber que o serviço já estava bem adiantado, era chegada a hora mais penosa para o pobre homem, tio Tontonho lhe surpreendia com um o grito;

- Ladrão safado, vou te encher de chumbo, vagabundo!!

Tamanha era a carreira depois do susto que segundo seu Valdemar, o calcanhar do ladrão batia na bunda, e quando resolvia parar de correr já estava saindo do Ceará.

Com calma tio Tontonho acabava de amarra a boca dos sacos de mandioca e fechos de maniva, muitas vezes até o terçado ou a foice era deixado para trás pelo ladrão.

Quando contava essas proezas tio Tontonho sempre dizia:

- Às vezes eu tinha que dar duas viagens com a colheita.

Elton Portela
Enviado por Elton Portela em 11/05/2020
Reeditado em 18/07/2023
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