TECNICA NÃO UTILIZADA POR MICHELANGELO NO TETO DA CAPELA SISTINA

Depois de erguermos o muro em frente de casa, chumbarmos as grades e o portão e rebocarmos, passados alguns dias seu Valdemar chegou com a tinta para pintura das grades. E lá estou eu na linha de frente, antes de começarmos a pintura ele já me ditou as regras;

- São quatro grades e um portão, vamos fazer o seguinte; - Quem terminar primeiro suas duas grades, ficará livre e o outro irá pintar o portão sozinho.

De pronto concordei, e já fazia planos para quando terminasse a pintura; - Irei jogar uma peladinha com meus amigos. Mas infelizmente algo iria acontecer que teria que substituir o futebol de campo pelo futebol de botão à noite na casa de um colega de escola.

Começamos a pintura depois do almoço, procurei caprichar pois afinal de contas era em frente de casa e todos iriam ver as qualidade e defeitos da pintura. Antes que terminasse a primeira grade, olhei para o lado e percebi que seu Valdemar já estava se preparando para começar a segunda. Foi então que resolvi checar como estava sua pintura, para minha surpresa a pintura estava ótima, fiquei intrigado; - como pode... pinto mais rápido que ele, e ele está mais adiantado que eu... procurei atentamente o porquê, e eis que descobri. Na parte inferior da grade, embaixo das barrinhas, que formava o desenho de uma estrela de quatro pontas, e que para pintar era preciso fazer um exercício quase que um contorcionismo, ele não havia pintado.

Ao ver a falha fui logo contestando:

- Pai, o senhor não está pintando debaixo das barrinhas!

Ele então me disse:

- Embaixo das barrinhas ninguém vai ver, e se alguém se abaixar pra ver que não está pintado, eu lhe dou um coice daqueles de jumento empacado, ele bate a cabeça nessa grade e nunca mais irá se abaixar pra ver pintura nenhuma.

Fazendo um resumo da ópera, quer dizer, da pintura, tive que pintar o portão e corrigir a pintura de um grande pintor, forjado a ferro e fogo, nas estribarias desse mundão sem fronteira.