Folhas Verdes


Da janela posso ver, ainda posso ver o outono chegar, ele chega bruscamente e toma a mente deste que sofre, chora e sente.
Num riso seco, tal qual as folhas secas que caem.
E do sistema que não muda, bate empurra e faz a desigualdade gritar!
Um grito de dor, na alma do povo que dorme um sono sem sossego para um amanhã sem esperanças de boas causas.
E suas palavras calam, abafadas, revoltadas ao vê-las. Sim, as mulheres belas! Pois, não as possuirá com sabor e cor, esgotando o sentimento deste que sofre.
E o seu amor atordoado do presente sem passado, sem futuro que é também arrastado nos ventos da tarde que sopra as folhas secas caídas no chão.
E vejo choro sem lágrimas, gemidos aos palavrões, pois, a noite chega e contando o tempo numa espera impaciente para que a primavera se apresente. Ele tem pressa em retratar o florescer, o brotar das “Folhas Verdes”. Por um pequeno momento foge da razão, crê em ressurreição! E aquele que sente, sente novo desejo de viver e nas “Folhas Verdes” que a primavera trará, espera que faça brotar, taças brindando graça, razão e paz.
E que surja para todos algo vigorando o igual... Que o amor pregue, reze, seja breve em estar.
Pois, nas “Folhas Verdes” ele precisa tocar.
E a razão vem sem lembrar que ele será mudo e tão surdo, e tão sem direção...
Será impossível ouvir as “Folhas Verdes”, nem mesmo as folhas secas que secam a cada dia rompendo nós que ele tem com a vida.
Guardará na lembrança as “Folhas Verdes”. Quem sabe de quando foi criança?!
A imagem de seus pais estará no santuário que existe dentro dele.
Do seu amor?
Guardará o gosto, a gota de bom sabor.
Seus desejos? Ah! Seus desejos?!
...Lembranças.
E no florescer da primavera estarão elas, as “Folhas Verdes” em par com tudo que vai e vem.
E ele? Irá além.



Rio de janeiro, 13 de dezembro de 2006.

Maria Cristina C. G. Matos.