COISAS DITAS PELO MEU AVÔ

Já dizia o meu avô
Ao contar suas verdades.
Quem disse que não chorou,
Nega a própria realidade.
Segundo ele, quem diz
Nunca sofreu por amor
Porque sempre foi feliz,
Certamente nunca amou.
Meu avô gostava muito
De juntar gente e contar,
Alguns causos deste mundo
De muitos que viu chorar.
Disse ele haver chorado,
Desde a hora que nasceu,
Mas um choro acalentado
Pelo amor que o envolveu.
Chorava um pranto inocente
Talvez pelo estranho mundo,
Porém, um choro envolvente;
Um mixto de amor profundo.
Como o amor e o desejo
De toda e qualquer criança,
De alimentar-se no seio,
Da fé e da esperança.
Tudo isso por ele dito,
Quem quer bem deve chorar.
Há momentos em que acredito
Em outros vou duvidar...
Pois quem ama só devia
Sorrir e cantarolar,
Realizar fantasias,
Sonhos de amor e  amar.
O choro é de tal maneira
Já dizia meu avô,
Que parece mais goteira
Da telha que se quebrou.
Chora um bêbado na taberna,
Choram casadas e solteiras,
Os olhos não se governam,
Nem se chora por besteira.
Quem se julga como dono
De quem sempre disse amar,
Passa as noites suspirando
Nunca pára pra pensar.
Sem conciliar um sono,
Chora de pena e de ira,
Passa as noites no abandono,
Chora, soluça  e suspira...
Acorda sempre sisudo,
Anda feito um curupira,
Desacredita de tudo,
Fracassado se retira.