O Repórter Esso...

...alô, alô, Repórter Esso, alô...!

Era assim e era sim na voz incomparável de Heron Domingues que a gente, em criança, e já pra lá de adolescente ouvia as notícias do Brasil e do mundafora, encima da hora. Isso tudo antes de entrar em ação, na mais pura usurpação o noticiário via televisão...

E a Esso, em meio à guerra fria, que opunha o chamado mundo livre ao comunismo, tinha como personagens mais frequentes - no tempo a que me referi - Dwight Eisenhower, Presidente dos Estados Unidos da América, versus Nikita Krutchov, o líder da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Era um diuturno duelo de titãs que arregimentando seguidores, estava sempre na iminência das vias de fato...

O comunismo já havia sido condenado e excomungado pelos Papas, e havia até orações fervorosas que propugnavam pelo conversão da Rússia...

E nesse contexto, e com a Esso ao seu lado - ...a Esso é isso, gente como você, trabalhando para servi-lo - o nome mais corrente e mais sonante dos inflamados noticiários era o Eisenhower. E como soava bonito e pacífico defensor da paz, e da prosperidade esse homem que comandara a luta contra o nazismo e que agora presidia a nação mais rica e poderosa da Terra...

Destarte, não foi sem razão que em janeiro de 1960, quando o mano Nacho nasceu, fizemos um esforço danado junto a mamãe para homenagear esse carismático campeão das liberdades...ocidentais.

Nosso esforço, contudo, foi vão, e por uma habilidade diploprática de mamãe que, sem querer nos desencorajar de pronto, pediu à mana Bebel que se inteirasse com a sua Mestra escolar da grafia correta do ilustre nome proposto. Testou negativo...

Mas a ideia vingou alhures, e não muito longe daqui: em Ibitira, distrito de Martinho Campos, município vizinho de Pitangui, tem na galeria de seus ilustres filhos, o Uauxen Rauer, que ao que consta numa bela obra de Adalberto Barreto sobre o citado povoado, é gerente regional da Coca-Cola.

E mais brilho ainda Ibitira adquire quando se toca na sua verdadeira joia da coroa: o meteorito que num brilho extraordinário e num estrondo ensurdecedor riscou os céus para ali pousar e colocar o povoado no seleto rol dos cobiçados e admirados objetos espaciais. Seria um sinal?

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 03/08/2020
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