O FALSO PASTOR E A OVELHA ARREDIA

Estamos nos meados dos anos noventa e seu Valdemar mora em um bairro da periferia, pela geografia da cidade, passados mais de vinte anos e com um novo proprietário pode-se dizer que o bairro está localizado no centro.

Com um carro novo, retirado na concessionaria e que veio para substituir o velho Corcel II -1986, meu pai continua taxista.

Bem próximo desta casa existe uma igreja evangélica e aos domingos sempre que recebe a ligação de seu compadre, que frequenta com sua família esta igreja, seu Valdemar faz o transporte de ida e volta.

Seu Valdemar está sempre tentando convencer seu compadre a deixar esta igreja, já presenciei conversas dos dois em que ele diz que sua igreja parece que é a igreja do Deus surdo, porque no culto todos gritam, e o que mais lhe intriga, é que cada um grita algo diferente o que se torna até difícil de se compreender o que dizem. No final deste dialogo, ele disse que também não compreende como naquela igreja todos se tratavam como irmãos e estes mesmos irmãos se relacionam, e dizia;

- Como pode meu compadre! Irmãos se relacionar com irmãos!

Seu compadre caía na risada.

Outro dia estava com meu pai, e ele comentou que já fazia algumas semanas que seu compadre não ligava para lhe pegar com a família para participar do culto na igreja, ele estava achando muito estranho. Passado algumas semanas e ao me encontrar com seu Valdemar resolvi lhe perguntar se seu compadre ainda estava frequentando a igreja, ele me respondeu; - Que não. Então perguntei na brincadeira se ele havia seguido o seu conselho e resolvido mudar de religião. Ele me respondeu que;

- Também não. E me contou que o que aconteceu foi algo mais grave do que eu podia imaginar, e em seguida passou a me contar o que havia acontecido:

- Meu filho, eu estive conversando com o compadre e ele me contou que a coisa estava meio errada na igreja, e ele resolveu mudar de igreja, mas não mudou de religião.

- Errado como assim? Lhe perguntei, e ele me contou que:

- Descobriram que o pastor estava dando em cima de uma irmã casada, e foi a maior confusão, quiseram até matar o pastor.

- Como descobriram? Perguntei.

- Conforme o compadre me falou, a primeira vez que o pastor deu uma cantada na irmã ela contou para seu marido, ele então lhe instruiu para que gravasse a próxima vez que ele lhe cantasse, ela então colocou um pequeno gravador em sua bolsa e gravou o pastor garanhão.

Seu Valdemar me disse que agora aos domingos, de proposito ele vai para frente de casa aguar uma latada de uva que plantou no jardim, e sempre que as moças e senhoras passam na rua em direção a igreja ele fala em tom meio alto, sem olhar para as irmãs:

- Cuidado com o pastor Geraldo!

Assim que falo, disse ele; - Escuto as irmãzinhas cochichando baixinho uma com as outras;

- Eu acho que esse senhor é meio doido.

Elton Portela
Enviado por Elton Portela em 07/08/2020
Reeditado em 17/07/2023
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