O Tempo e o INVENTO — filho e sobrinhos

O velho caubói olha para a prateleira onde está a tequila — que ele não vai beber.

Olha para a prateleira mais abaixo onde está o cachimbo sem fumo — pois ele não vai fumá-lo.

E então vem a imaginação com suas lembranças.

E o velho caubói comenta com seu filho, o jovem professor de inglês (formado em Publicidade):

— Filho...! Vocês jovens estão sempre inventando cada ousadia...!

Como nas histórias em quadrinhos, o filho do Tex começa a ler os “balões” contendo as legendas daquelas falas do velho caubói.

— Certo, pai...! Diz aí... que eu vou lendo.

E o caubói continua, já garantida a leitura de uma pessoa — através das legendas das falas preenchendo-se, automáticas.

— Por exemplo, esses dois: o Filipe e o Gabriel.

Com uma baforada imaginária no cachimbo vazio, o velho caubói prossegue.

— O Filipe, que atravessou fronteiras caminhando (sim, sobre as solas dos pés, literalmente) foi acolhido na terra do Tio Sam. Hoje, então, o jovem caminhante está celebrando sua cidadania americana e seu ingresso (já consumado) na Marinha Americana. E, quando lá atrás, este tio aqui soube da proeza desafiadora, que era essa empreitada de caminhar entre fronteiras estrangeiras, somente conseguiria se perguntar até onde vão essas “invenções” dos jovens. Hoje, porém, eu digo que: quando um jovem cavalga seu corcel de sonhos (ou mesmo caminha com “pés no chão”), o Destino responde e cavalga um cavalo alado sobrevoando os céus sobre a cabeça do iniciante sonhador. Portanto, o pensamento inventivo do jovem é semente que tem quem ser regada e cuidadosamente alimentada em bom terreno no coração dos mais velhos sob o sol da bênção proferida... e sob a sombra da asa do pássaro experiente que, porém, não deverá duvidar de que a bússola seja a própria intuição do aspirante imaturo — a qual prevalecerá ao final da trilha.

O veterano caubói soprou mais uma imaginária baforada de fumaça, segurando o cachimbo suavemente entre os dedos.

— Agora, temos aí o surgindo o acervo literário de outro sobrinho meu, o Gabriel. Sim, vem aí a estreia dele. Estaria eu falando do Gabriel García Márquez em nova roupagem? Não, não mesmo. Eu estou falando da nova roupagem da Literatura para jovens e adultos. Enquanto isso, perguntamos: com qual nome ele assina suas obras? Bem, este é um assunto para outra conversa sobre sobrinhos e seus inventos (sonhos) através do tempo.

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E o Tex continuava absorto em suas estupefações.

(...)