Mãe, que saudade! Obrigado por seu exemplo.

Manaus, 16 de Julho de 2012

Dona Maria Ivanilda, minha mãe, tem uma história exemplar.

Nasceu em 7 de julho de 1937, 7/7/37, uma data cheia do número perfeito, 7, em um lugar no interior do Amazonas chamado Boca do Jacaré, uma comunidade em Parintins.

Mudou com nossa avó Izabel e com nossa tia Morena para Manaus ainda jovem.

A casa era simples, muito simples, mas ela estudava em um colégio de freiras onde as filhas dos ricaços também estudavam. O pagamento do colégio minha avó fazia lavando e passando as roupas das freiras.

Um dia a casinha simples incendiou, mas elas eram mulheres de fibra, refizeram tudo.

As colegas da mamãe gostavam tanto dela que iam estudar lá onde ela morava, na rua General Glicério, na Cachoeirinha.

Mamãe estudava passando os hábitos das freiras em um ferro a vapor, inalando fumaça. Acho que ela nunca imaginou o quanto isso traria uma consequência tão séria, décadas depois.

Lembro quando eu ficava "dodói" da garganta e ficava inchado de alergia, ela ficava noites acordadas cuidando de mim, na faringite que insistia em me acometer. E haja inalação com Vick Vaporub. E folha de mucuracaá na testa, e chá de corama...

Quando fiquei alérgico a analgésicos o negócio piorou. Ninguém sabia o que fazia eu ficar todo inchado. Mamãe não podia mais me dar os remédios que faziam a faringite sumir. Então me levou ao médico, que me passou o santo remédio Flogoral, que acabou de vez com a faringite.

Tive malária e ela passou uma madrugada toda ao meu lado, sozinhos em uma sala no Hospital Tropical, primeiro em pé e eu em uma maca, e lembro que eu disse:

- Mamãe, deite na outra maca.

Ela uniu a outra maca à minha e pôde descansar, eu não dormi até o dia clarear. Ela, para meu alívio, tirou uns cochilos. Não era Justo eu fazê-la ficar acordada a noite toda.

*****

Manaus, 15 de janeiro de 2021

Infelizmente mamãe nos deixou. Que dor, que saudade!

Quisera eu retribuir em três dias, no hospital, toda a dedicação de anos que ela deu a mim e às minhas três irmãs, quando ficávamos doentes e ela negava-se a si mesma, até ficarmos curados. Quisera eu poder curá-la.

Não pudemos vê-la livre do Corona, este vírus cruel e traiçoeiro. Mamãe agora é nossa estrela no céu.

Mãe, não pudemos te ver saudável, amorosa e teimosa de novo... Mas nos consola termos seu exemplo de fé, perdão, trabalho, positividade, persistência, educação, nossas festas, a alegria e recompensa de nos ter feito uma família unida.

Eu, a Graça, a Izabel e a Márcia tivemos e TEMOS a melhor mãe do mundo.

Obrigado, mamãe.

Nós te amamos muito.

Com amor,

Seus filhos.

Eduardo Escreve
Enviado por Eduardo Escreve em 05/02/2021
Reeditado em 20/02/2021
Código do texto: T7177377
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.