O B.boy

A roda está animada.

O encerado quadriculado,

A música tocando.

E em questão de instantes ele está lá!

É como uma pena...

Ele se sente uma pena.

Tomado pela música se deixa levar.

Leve como a pena conduzida pelo vento.

Suave.

É como se cada músculo,

Cada batida do coração,

Seguisse o compasso da música.

A emoção se alia a técnica,

Ao poder do movimento, suave.

E nada controverso,

A platéia grita: "PESADO!"

É como se todos quisessem estar lá,

Dançando como ele,

Sentindo o que ele sente.

O misto de ser B.boy.

O sorriso, o suor, a "batida" do coração,

As cores, os nomes, a emoção.

A música atuando em cada músculo,

Cada cicatriz, cada expressão,

Esculpindo aquilo que ele nasceu pra ser.

A musicalidade, o power,

O mundo parando em um "freeze",

A platéia delira!

A vivência, os irmãos, a cultura.

E no final, ele toma sua mochila,

Entra no ônibus.

Não há mais platéia.

A calça larga, a camisa comprida,

O boné na cabeça e seu Adidas surrado,

Lhe devolvem os olhares desconfiados...

O preconceito.

Mais um PARA a multidão.

Não há luzes para se apagarem,

Não há cortinas para se fecharem.

O breaking é seu combustível,

A rua seu palco.

Para ele,

A batida é o suficiente para o show acontecer.

Aline Braz