MEUS IRMÃOS TERÃO NOME DE SANTO.

Os três primeiros filhos de seu Valdemar nasceram saudáveis e todos do sexo masculino.

Hoje recordo o que me disse quando seu segundo filho foi pai pela primeira vez, e fico imaginando o tanto que seu Valdemar deveria ter sido malévolo com seus pais nos vinte anos em que viveu no Ceará, antes que resolvesse se debandar para o Norte.

Me lembro que ao lhe dar a notícia que ele acabara de ser avô, antes mesmo que lhe dissesse o sexo, ele já foi me dizendo:

- Deve bem ter sido um menino.

Lhe perguntei se alguém já havia lhe dado a notícia, e ele, com aquela paciência e pitadas de ironia, disse:

- Não meu filho, ninguém me disse; - mas é assim mesmo, Deus é muito justo e quando um filho dá muito trabalho prus pais, ele manda seu primeiro filho um homem, que é pra ele passar por tudo que seus pais passaram.

Meu irmão não chegou a passar pelo que o pai passou, e as profecias de seu Valdemar jamais aconteceu, pois ele se separou da mulher ou a mulher se separou dele ou as duas alternativas estão corretas, e sua convivência em família durou menos de dois anos, hoje este filho já é maior de idade, sempre trabalhou, possui uma faculdade e desconheço algo que até então, como diziam as antigas cartas de apresentação para emprego: - “Não há nada que possa desabonar sua conduta moral e profissional”.

O tempo passa o tempo voa e este meu sobrinho hoje também já é pai, e seu Valdemar bisavô, só que assim como meu irmão meu sobrinho não vive com a mãe de seu filho, talvez a única diferença dos dois é que o sobrinho nem tentou viver com a genitora de seu rebento.

Tão logo meu irmão se separou, encontrou outra moça, só que esta decidiu aderir o método de reprodução independente, com isso meu irmão continuou a não conviver com um possível filho malcriado como diziam nossos pais. E seu Valdemar ganhou mas um neto. Este neto hoje é maior de idade e também faz jus a carta de recomendação.

E eu como primogênito, diferente de meu pai, sou pai de três filhas e a primeira está esperando um menino, é mais um bisneto para seu Valdemar.

Quando eu e meus dois irmãos viemos ao mundo, os três com diferença de um ano de idade, quase que plagiando aquela música “Mulher (sexo frágil)” do Erasmo Carlos, posso dizer que nossa família era idêntica à do “Tremendão” e que qualquer semelhança não era mera coincidência; - Na música que me refiro pode-se ouvir em um trecho, uma das maiores verdade que existe na face da terra mesmo que em outras proporções:

- “Quatro homens dependentes e carentes da força da mulher. ”

Ainda trilhando pelos caminhos da música, muito antes de Renato Russo (*1960 +1996) cantar “Meu filho vai ter nome de Santo” em uma de suas canções: - seu Valdemar já era pai de dois filhos com nome de Santo. Desta feita por terem nascidos no mesmo dia em que se festeja o dia destes Santos que lhes emprestam o nome.

No decimo terceiro dia de junho de um mil novecentos e sessenta e oito, nascia o segundo filho de meu pai, nesta data e no calor das festas juninas se comemora o dia do Santo casamenteiro, portanto no registro o primeiro nome seria do santo. Mas sendo ele o filho do meio, não poderia jamais ter um só nome, e assim recebeu um segundo nome, sendo este o primeiro nome do maior jogador de futebol de todos os tempos.

Passado mais de um ano veio ao mundo o terceiro filho, no dia quatro de outubro, dia do Santo que falava com os animais, como diziam as pessoas que conviveram com este servo do senhor, que sempre pregou o amor a tudo que Deus criou e isso incluía a natureza. Infelizmente este irmão não se encontra mas em nosso meio, um câncer o levou quando só tinha dezessete anos.

Outro dia me deparei com aquelas folhinhas calendário que eram vendidas ou doadas no começo do ano nas igrejas católicas, conhecidas como as “Folhinha do Sagrado Coração de Jesus”. Eram pequenas páginas, uma pra cada dia do ano e que traziam na frente informações como o dia, a fase da lua, e alguns capítulos e versículos bíblicos como sugestão para leitura naquele dia, em seguida trazia o nome dos santos daquela data, no verso sempre textos, crônicas, receitas, piadas e diversas informações. Hoje pode-se encontrar estas folhinhas em aplicativos para celular. Antigamente os pais quando nascia um filho consultavam estas folhinhas para lhes dar o nome. Na curiosidade resolvi procurar os santos do dia de meu nascimento, se meu pai ou minha mãe tivessem optado por esta forma, hoje eu seria, Marcelino, Pedro ou Erasmo.

Texto em homenagem a meu pai e dedicado a meus irmãos.

Elton Portela
Enviado por Elton Portela em 31/10/2021
Reeditado em 15/07/2023
Código do texto: T7375502
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