São Paulo, 462 anos

São Paulo, 462 anos

Minha história é semelhante à de milhares de brasileiros. Meu pai Honorino – baiano – e minha mãe Augusta – mineira – migraram para São Paulo nos anos 1950, aqui se conheceram, casaram e se estabeleceram.

Cheguei ao mundo em 1956 e fui acolhido por meus pais em um modesto apartamento, moradia de meus pais, zeladores de um edifício na Rua Conselheiro Brotero na Barra Funda, bem próximo à casa do poeta Mário de Andrade.

Em 1960 já estávamos em novo endereço, agora na Rua João Adolfo no centro da supercap e do último andar do prédio era possível avistar o Largo da Memória e a Praça das Bandeiras. Ainda não existiam o terminal de ônibus, passarelas, metrô ou Av. 23 de Maio.

Contava eu neste 1960 histórico, quatro anos de idade e meu trajeto habitual para chegar ao parque infantil na Praça da República era atravessar o Largo da Memória, subir as escadas, atravessar a Rua Xavier de Toledo e seguir pela Rua Sete de Abril até atingir meu destino no centro da praça. Lá ainda estava instalado o Colégio Caetano de Campos, escola pública disputadíssima pela classe média na época.

Trago da memória estas lembranças para tentar compreender melhor esta paixão que nutro por esta selva de pedra encantadora. Não é só pelo fato de ter nascido aqui, não. Penso que este encanto que sinto por esta cidade apressada vem de vidas passadas, tamanho é o amor que sinto por ela. Neste ponto de meu relato a emoção toma conta de mim e lágrimas insistem em nublar-me a visão, mas vamos em frente.

Eu não tinha muitas opções de lazer por causa da simplicidade de recursos de meus pais e de outros amigos de infância, também moradores na capital do estado mais rico do Brasil. Contávamos com a bondade – ou cumplicidade – dos funcionários do depósito de brinquedos do então MAPPIN, situado na Praça Ramos de Azevedo e lá passávamos algumas tardes pedalando nossos velocípedes entre as estantes de utensílios infantis do magazine.

São Paulo querida, parabéns pelos 462 anos de existência e continue sempre com sua vocação de acolher pessoas de outros estados brasileiros e de todos os recantos do mundo.

Muito obrigado, São Paulo amada.

#bispoeta