Cor da minha Terra

Eu sou só uma dentro da massa, só uma que fugiu das correntes,

Sem chaves, das amarras da ignorância.

Sou a que tem o peso da cor, A que tem a leveza da cor.

Sou aquela que esquece a dor mesmo nas injustiças,

Mesmo no apagamento desse nevoeiro branco.

Trago na pele o que me distingue de tantas outras bem sucedidas.

Tão parecida com as outras: Elisas, Aninhas, Carolinas, Penhas, Conceições, Zacimbas, Kalungas!

Mulher, preta, mãe solo. E dele mesmo, por ele mesmo,

Hoje me faço presente. O barro é meu alicerce!

E neste solo que fixei raízes, me ergui, ofereci meus frutos,

Sangrei por reconhecimento, por pertencimento,

Contribuí, com muito orgulho, da construção dessa terra,

Terra de amores, terra de flores,

Que seus mil esplendores também recaiam sobre os meus!

Eliane Correia, 20/11/2021

Uma homenagem a algumas mulheres pretas que hoje me servem de referência:

Elisa Lucinda, Aninha Amora, Carolina Maria de Jesus, Penha Conceição, Zacimba Gaba, Princesa Kalunga