EM MEMÓRIA DE UMA MÃE
por Regilene Rodrigues Neves
Aquela rua
Não é mais a mesma rua,
Que a senhora passava
Com o seu corpo alquebrado
Pela longevidade...
Na minha saudade
A lembrança
Da nossa última conversa
Sobre a sua saúde...
Me disse que estava melhor!
Mas me desabafou
A sua solidão
Ao falar do filho
Que morava ao lado,
Mas que não lhe tinha amor...
Que era um filho egoísta
Que vivia embriagado
Que não reconhecia seu valor!
Sempre à via
Nos meus passeios
Com o cachorro...
Sempre solitária
Com a sua bengalinha
Andando com passinhos contados,
Por vezes, parava no caminho
Para descansar, para chegar
Na sua casinha...
E eu sempre a observar
A sua fragilidade e solidão
Que me doíam o coração...
Até que não há vi mais
E senti sua falta,
Pensei: será que está doentinha?
Senti falta da sua vida
Do seu jeitinho
Doce e frágil
De uma mãe
Abandonada pelo filho...
Até que outro dia
Encontrei ele
E perguntei pela senhora
E ele me falou que tinha partido...
Me doeu, senti sua falta,
Mas pensei: ela descansou
Sua solidão e agora
Está na companhia de Deus
Há quem na sua palavra sagrada
Ele diz que abomina
O filho que não honra pai e mãe...
Com certeza esse filho ingrato
Será cobrado por sua ingratidão
E que a Senhora receberá
O seu galardão dado por Deus...
Por aqui sentirei saudade
Sempre que passar na sua rua...
Sei que como a Senhora
Existem milhares de mães
Esquecidas em casa,
Em asilos, trocadas por ilusões...
Sem amor aos seus pais
Há quem deveriam honrar,
Amar e cuidar com gratidão
Àqueles que lhe deram à vida.
Mas está escrito
Na palavra de Deus
Que o amor esfriaria
No coração do homem,
Mas que não temêssemos
A sua justiça será feita...
Em 23 de maio de 2022