Ao gato Sansão

Sansão, sentado majestosamente, recebia petiscos diretamente na boca de um servo, que eu conhecia muito bem: anjos caninos. Os cães celestiais acomodavam aquele gato, cujo corpo jazia enterrado no jardim de sua antiga morada. Ele sabe disso. Todavia, com toda aquela arrogância dos felinos, Sansão se maravilhava com toda aquela recepção do mundo celestial. Carinhos e comidas demasiados. De quando em quando miava para o seu antigo escravo, Adriano, que sentia um leve chiado de conforto, lembrando de seu velho companheiro peludo. Sansão queria dizer que "estou bem. Aqui tem ração e carne que não acabam mais".

Sansão, graças todo ao milagre daquele mundo branco e iluminado, recriou uma imagem do telhado daquela velha casa na quadra 11, onde podia se aventurar e tomar um Sol divino. O gato siberiano sempre fazia isso quando se cansava de sua poltrona dos deuses e de seus escravos cachorros que o abanavam sem descanso.

Sansão agora é o gato rei celestial.