Temperos da vida

Eu nunca precisei de muito para ser feliz.

Das boas lembranças que carrego comigo, um singelo convite para tomar sopa era o suficiente para alegrar minha menta cansada e meu coração aflito.

O chiar da panela era a minha música favorita... e ele invadia aquele lugar.

A simplicidade em volta de mim me abraça com tanto zelo.

Foram nos dias cansados e puxados que eu aprendi a gostar de sopa.

Eram no borbulhar e mexer de uma panela que eu sentia o cheiro do cuidado. Aquele recipiente carregava o peso de comportar, cuidadosamente, verduras, amor, massa, histórias e confissões.

Aquelas mãos colocavam os ingredientes necessários que temperavam a minha vida, deixando os dias mais gostosos e leves para prosseguir.

Era um universo inteiro por trás do “Hoje tem sopa”:

“Só pa” te abrigar,

“Só pa” te cuidar,

“Só pa” te aquecer,

“Só pa” te agradecer.

Era ali que eu matava a minha fome de amor e me enchia de esperança.

AP em Páginas de um livro
Enviado por AP em Páginas de um livro em 07/08/2022
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