LIÇÕES DA PANDEMIA DE COVID 19

 

Eis que, após o Decreto de Quarentena, alguém bate à nossa porta. Estávamos confinados há algumas semanas, muito atemorizados com o avanço da Pandemia, o lock down na China e na Europa, os hospitais aqui ficando lotados, as mortes, covas sendo abertas aos milhares, assustadoras imagens na TV. Abro a porta e me deparo com Anali e Giorgio, nossos vizinhos do 6º andar, devidamente mascarados, que nos perguntam se precisamos de algo, se queremos que tragam alimentos do supermercado e da feira. Não tínhamos amizade com eles, apenas nos encontrávamos, eventualmente, na recepção e elevador, nos cumprimentávamos e trocávamos algumas palavras amáveis, considerações sobre o tempo, e só. Apenas o bom e educado convívio entre vizinhos.

 

Entretanto, agora a situação era outra. Estávamos todos deveras assustados e receosos de sair, ainda mais que a Imprensa alardeava que, pela nossa idade,   pertencíamos ao grupo de risco. Agradeci e combinei com eles a compra de algumas frutas, legumes e verduras, na feira que ocorreria no próximo sábado. Nas barraquinhas de rua há uma grande aglomeração de pessoas e queríamos evitar esse risco. Para as compras de supermercado, adotamos uma estratégia: levantávamos às 6:00 h da manhã, tomávamos café e íamos para a porta do mercado, esperando a abertura às 7:30. Havia pouquíssimos fregueses nessa hora. Sempre portávamos máscaras e um frasco de álcool gel, que era usado com frequência. E assim foi por todo o tempo mais crítico da Pandemia. Na verdade, alguns cuidados vão permanecer para sempre.

 

Os nossos jovens vizinhos, por muitos meses, ao longo de 2020, nos trouxeram da feira o que anotávamos em uma lista. Tomávamos cuidado para não abusar de sua boa vontade e nem para que carregassem muito peso. Passado o período mais crítico fomos, aos poucos, voltando à rotina.

 

Anali e Giorgio, ele cidadão italiano, que vive há alguns anos no Brasil e ainda arranha no português, deram uma lição de solidariedade e boa vizinhança. O melhor de tudo é que pudemos nos conhecer melhor. Ficamos muito agradecidos e nossa relação com eles se estreitou. Foi uma atitude inesperada, mostrando que um ato de compaixão pode ter o poder de mudar o mundo.

 

 

Aloysia
Enviado por Aloysia em 31/08/2022
Reeditado em 01/09/2022
Código do texto: T7595129
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