É pra nós (poema para Helo A.)
É pra nós (poema para Helo ...) -
contexto, poema composto durante o namoro,
retratando o antes, o durante e o depois do fim, fielmente,
claro, com licenças poéticas.
De início o poema é chato mesmo, logo se transforma,
torna-se progressivo e cativante, retrata concretamente
tudo como foi e como se tornaria um fim esperado e feliz.
Romântico como quando se vive uma grande paixão,
é clichê, mas quem não vive paixão e amor, né?
Espero que goste!
* É pra nós
Não sei bem o que é
não sei bem como é,
não sei quem é você
nunca te conheci,
nunca ouvi tua voz,
nunca sei de nada,
sei que você mexe comigo,
sei que todo dia, sei...
Sei o porquê de você,
sei o porquê você está na minha vida,
sei o porquê você está na Terra, aqui,
perto de mim, eu sei que você vem e vai...
... Só... Não quero entender o porquê você
mais vai do que vem,
mas, sei que quando você vem, é tão bom,
tanto que vens,
é tamanha estrada distante, a minha vida errante,
tanto que vais,
a minha história, a minha vida e estrada,
tanto que vou,
as nossas histórias, a tua vida e entranhas,
tanto que vais,
é tudo tão estranho, nossas vidas,
eu na cidade e longe,
tão longe que você se encontra,
em outra cidade...
Eu na mocidade vejo por que você
mais vai do que vem,
é triste e fácil não querer entender,
mas quando você vem...
(...) Quando você vem,
é quando estamos perto,
quando estamos juntos,
... Quando nossos corações se encontram...
Quando nossas emoções se encontram,
quando nossas verdades são as mesmas,
quando somos cúmplices das mesmas histórias,
quando sabemos o que sentimos um ao outro,
e quando nada queremos falar, e por tudo ausentar,
pelo que deve ser zelado, eu entendo um pouco; -
Do zelo que deve cuidado, e a gente calado.
É tanta dor e tanto cuidado, pra não ferir,
o que deve ser cultivado, é tão louco,
é tão platônico, o amor cavado, é...
A minha voz acuada, o meu tom rouco...
Meus pensamentos, tônicos, o calor à tona,
meus sentimentos, aguados, com sabor amargos,
com canja de choro, no prato uma lágrima,
uma lágrima que escorre, do jantar, uma saudade,
uma tristeza que não se esconde, nem nas manhãs,
as saudades, e nas noites, existe dentro de mim,
uma fuga que não quer aparecer, que não quer doer,
uma lembrança qualquer, que seja sua não quer,
quando quer, quando quer, que seja em um sonho,
que seja em um sonho que tudo aconteça,
que seja em um encontro que tudo aconteça,
que seja em minha memória, póstuma...
Que tudo ali, em algum lugar nas saudades,
eu lembre e acorde,
de um dia ou de noite, que de nosso encontro,
que em qualquer tom, nota ou acorde,
um sol amanheça e me conte com saudades,
com lágrimas, com a verdade de tons aguados,
da partida à chegada, ao teu encontro...
Que eu acorde e veja que todo dia existe uma canção
que toca dentro de mim que me faz lembrar-se de você,
que me faz lembrar que mesmo longe de você...
Existe uma nota, essa aqui, um tom grave
e um acorde cheio, que me faz sentir vazio, tão triste,
essa canção é nossa, esta canção é a mais triste
que já ouvi tocar,
é pra nós.
Não sei se o que nos detêm distantes,
não sei se é a mesma canção, cante,
se fores, se te soas tão triste, acho que não...
Acho que versos alguns talvez, o refrão,
é tão triste e cante e lembre tudo tem seu tempo,
tudo tem sua vez, que se eu te cantar essa canção,
você vai saber como é são o meu querer,
como é sim o seu não, como é desejar,
assim você vai saber como o seu não
tem um desejo, quer pelo bem, me deixar,
tem um beijo, quer pelo não, um abraço,
em teu nome, queira por nós, tem um laço; -
... Entre tudo que não dá pra dizer,
há tudo pra sonhar,
entre tudo que não dá pra viver, há pra delirar,
entre tudo que não é possível, há de ser platônico,
e, pois que todas as vezes que lembrar-se de mim,
e, pois que todas as vezes que esquecer-se de mim,
saibas que estou aqui, deixo meu coração aberto,
mesmo que a vida me faça ter de fechar todas as portas!
Mesmo que a vida, o dia e a noite
me façam fechar todas as portas,
haverá sempre uma janela, que vai estar ali,
no canto, encostada,
pra onde vou correr, pra onde vou fugir,
só pra te olhar um pouco,
só pra não ficar louco, só pra não parar de deixar
essa canção tocar, só pra não perder
o hábito de te querer,
de te viver e de ficar rouco, pois de tão poeta
desafino tanto no amor
que prefiro escrever a cantar,
e mesmo assim, e de tanto cantar baixo,
sozinho e pelos cantos,
pra não fazer feio, te tenho tão bonita,
há de haver essas palavras,
pra todos os efeitos, pra não deixar o costume,
tênue, perder a razão
que de poeta do amor, pode não saber cantar,
é descontente,
é um verbo amar, amargo, é solitário escrever,
é sonho que se sonha só,
e só o amor que descontem, mas as palavras que juntam,
e se entoam, em uma nota, em uma carta, em um verso,
em um poema e uma canção,
em uma toada, em um choro, uma toalha,
uma lágrima, um triste coração,
em uma carta, em palavras em coro de choro,
uma voz que não sagra...
Sangra sagrado coração, oh!
Você que vem de outros montes,
você que mudou a minha vida,
você que muda tanto, transforma e canta e toca,
a vida de tantas vidas, que sou eu em tua toca?
Sou apenas um pensamento teu,
que te deves te chorar um pouco,
que deves de platônico sofrer um bocado,
por não saberes quem sou eu,
que sou eu e quem seríamos juntos,
que seriam de nossos risos e olhares?
Que seria de nosso amor,
que seria de nossa felicidade?
Nossa amizade.
Que seja assim, que seja como for,
que seja como a virtude quiser,
como a construção, como a obra se tornar,
como a vida quiser...
Que seja tudo como o destino traçou
que seja tudo com amor.
Que seja com o coração, que você tenha uma janela,
um esconderijo,
que tenhas também, uma fuga, pra sempre me olhar,
pra sempre...
Pra sempre ter tempo de lembrar-se de mim,
de me escrever e me cantar,
também, uma canção. Ou uma carta, que diz que toca,
como toque, que seja sempre e com mistério, que seja nunca,
mas perfeito, que esteja onde estiver, mas presente,
que seja sempre, mas imperfeito.
"FIM"
Guy Werneck
composto às 2:30 da manhã, durante a época do namoro,
eu aqui em São Paulo e Helo em São João da Boa Vista - SP.