Baby, eu sei que é assim...

Que época do ano para você ir embora hein? Que época da vida! Da minha vida... Sem avisar, sem dar tchau. Sua voz ainda ecoa na minha cabeça, no meu Spotify, no violão que eu já não tenho tempo de tocar. Sua voz ecoa na minha história.

Você esteve sempre comigo e cantar você foi um dos meus maiores desafios. Faz tempo... faz muito tempo! Mas Gal, fui aplaudida de pé! E ainda vieram na minha mesa depois, me dar parabéns, você acredita? Eu ainda consigo sentir a ansiedade de chegar nas notas mais altas... eu ainda sinto o medo e a adrenalina de estar alí... conseguindo honrar os seus agudos, a sua emoção... a sua arte.

9 de Novembro de 2022 e o dia amanhece estranho, mais triste, mais cinza. Confesso que meus últimos dias não tem sido tão coloridos assim. Que época para você ir embora Gal... Que época da minha vida! Eu não conseguia acreditar. O que acontece agora com a gente? Sem você meus dias difíceis vão ser mais arrastados. Meu bem, meu bem.... e eu passo o dia, lembrando, relembrando. Cantarolando tudo... chorando. Eu choro um choro que está preso em mim há pelo menos 1 ano. Não é só por você Gal. É um choro de amor, de decepção. O choro dos que ficam. Os que ficam sozinhos, os que ficam sem amor, os que ficam sem Gal. Dessa vez doeu... dessa vez doeu demais.

Mas se tem uma coisa que os dias de hoje fazem com sucesso é eternizar. Eu me sento com calma, enxugando minhas lágrimas para assistir você. Consigo ver shows antigos e os mais recentes. Gal, você estava bem, linda e sempre dona das notas mais perfeitas. Meu dia segue difícil, arrastado. Preciso trabalhar, mas não consigo. Em meio a minha rotina me lembro de outra, outra e mais outra música... e sigo assistindo tudo o que encontro pela internet. Será que meus vizinhos vão reclamar? Já passa de 10 da noite... mal vi o dia terminar.

Que época para você ir embora Gal... que época da minha vida! Já quase meia noite e eu acho você; agora especialmente linda e esbanjando sua voz, seu talento, seu charme. Um show intimista com uma convidada... uma convidada Caymmi... Alice. Começo a assistir sem a pretensão de achar que aqueles minutos iriam ser tão intensos. Como é que eu nunca senti isso ouvindo essa música? Me pergunto. E a cada verso... a cada frase... eu entro mais e mais naquele espaço trancado a sete chaves, dentro de mim; onde eu deixei meu coração surrado, cansado. Gal, faço minhas as suas palavras... na sua voz, mas da canção do Roberto: Ninguém pode destruir assim um grande amor. Quantas vezes eu tentei falar... quantas vezes eu avisei que eu tinha o amor maior que tudo o que existe. Quantas vezes eu tentei falar... E a cada vez que assisto eu sinto falta de tudo. Sinto falta do amor que acabou, sinto falta dos meus 30 anos. As lágrimas vão minando de novo... vão enchendo minha voz. Meu coração embargado sofre. Gal, você foi embora cedo demais. Que época... que época para você nos deixar...!

Mari Mérola
Enviado por Mari Mérola em 20/11/2022
Código do texto: T7653775
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2022. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.