O RÁDIO NO BRASIL E NO MUNDO

O RÁDIO NO BRASIL E NO MUNDO.

A primeira missão do rádio foi basicamente educativa. Pelos grandes nomes que surgiram no Brasil, por exemplo, como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Anita Mafaldi, pode-se concluir que aquela era uma sociedade altamente intelectual, elitizada e privilegiada. Aos poucos o rádio foi se adaptando até chegar à transmissão de programas populares. Esta adaptação se deu rapidamente por todo o país, a ponto de preocupar o governo ditatorial de Getúlio, estimulando a criação de Departamento Oficial de Propaganda (DOP), depois transformado no Departamento de Imprensa Oficial de Propaganda (DIP) para fiscalizar e censurar a programação das emissoras de Rádio. À radiodifusão brasileira experimentou, nos últimos anos, um desenvolvimento admirável. Tanta intelectualidade não poderia ser facilmente calada. As pessoas protestavam de todas as formas possíveis ou impossíveis, seja através da música, das poesias, da literatura ou mesmo através das rádios e dos jornais clandestinos. Gritavam, brigavam pela liberdade, pelo simples direito de se expressar, de ser livre. Mas esta situação caótica não se limitou apenas ao Brasil. O século passado foi marcado por homens que mudaram o destino de seus povos e do mundo. Conhecimento é um prazer inestimável, serve como aprendizado e ensinamento para as pessoas, lerem e escreverem corretamente. Falar não é apenas balbuciar, mexer com os lábios, pois as palavras inúteis, o vento sopra e leva-as ao infinito. Saber falar, o que falar, na verdade é uma quantidade de atitudes belas, que se fixa no somatório de fatos. O rádio imanta e necessita dessa tecnologia, a da voz, a do falar suave e corretamente.

Em 1933, por exemplo, Hitler recebe o poder das mãos do velho presidente Hindenburg. Sua voz no rádio pronuncia anos de violência e de guerra. Nesse mesmo período, João XXIII dirige ao mundo uma mensagem pelo rádio de otimismo e esperança devido à situação delicada em que a humanidade se encontra. Em 1935, Mussolini anuncia a invasão da Etiópia. Começa então o prelúdio da Segunda Guerra Mundial. As democracias de calam. O totalitarismo torna-se mais agressivo. E as pessoas cada vez menos seguram mais aterrorizadas e sem liberdade de expressão, encontra no rádio um companheiro, que antes não passava de um passatempo de uma elite social. A princípio o preço do aparelho de rádio era alto, por isso apenas uma minoria podia possuí-lo. Mesmo assim isto não impedia que as pessoas se reunissem umas nas casas das outras para poder escutá-lo. A tecnologia não para e as inovações vão surgindo com o passar do tempo. Já se fala em Rádio Digital, a rádio do futuro. No início as dificuldades serão parecidas com a do passado, visto que o aparelho receptor de rádio digital será um pouco salgado para as classes menos favorecidas. A tendência natural com o andar da carruagem é o preço diminuir como aconteceu com os telefones celulares e os aparelhos de DVDs.

Não está bem definido a data que deu início aos os programas de rádio no Ceará, elaborados para o ouvinte. Sabe-se que em 1931, foi fundado a Ceará Rádio Clube, por inspiração de João Dumar, mas que só foi legalmente autorizada a funcionar em 1934 com a finalidade de irradiar programas de atrações e interesses sociais. Como conferências, músicas clássicas, política e também para propagar a radiotelefonia, facilitando ao Governo a irradiação de notícias oficiais. Com o tempo ela foi ganhando identidade e conquistando sua própria programação voltada também para os interesses dos ouvintes, cada vez mais exigente. A partir e então nasceram os primeiros programas de auditório com a apresentação de contos, compositores e cantores de sucesso. Como o cantor boêmio José Jataí. Logo depois, na década de 40 surgiram os programas artísticos de alto nível, com o lançamento do primeiro concurso radiofônico do Ceará, de peças de radioteatro, sob o tema: “Os grandes processos da história” e tendo como vencedor o jornalista Eduardo Campos. Ele venceu o concurso com o “Processo de Maria Antonieta”, passando a integrar os quadros da emissora com grande talento. Nessa década foram utilizados pela primeira vez os violeiros cearenses com a produção de Eduardo Campos. Porém foi principalmente através dos programas de radioteatro, que veio o grande sucesso através das várias histórias romanceadas como as novelas “As pupilas do Senhor Reitor”, “Os fidalgos da Casa Marisca” e Sombras do Mal.

Em oposição à década de 20 em que o rádio brasileiro se caracterizou pela produção de programas simples, informativos e musicais, os anos 30 e 40 foram marcados por um aumento dos investidores, dos patrocinadores os mais variados possíveis como General Eletric, Standatr Oil e RCA. É que a audiência do rádio começa a crescer, motivada em parte pelo barateamento do custo dos aparelhos receptores. O poder de consumo aumentou e as pessoas estavam pré-dispostas a comprar mais. Por isso o rádio era o veículo mais cobiçado pelos novos anunciantes, pois eles estavam de olho neste consumismo. Além das novelas, os programas de auditório, musicais e humorísticos se beneficiaram do investimento dos grandes anunciantes. Para se falar no rádio, como falar no rádio, é o enriquecimento de propostas e comentários de vários profissionais da radiodifusão como César Rosa, Luiz Fernando Maglioca, Paulinho Leite, Brim Filho, Serginho Leite, Osmar Santos, Paulo Machado de Carvalho. Tivemos aqui no Ceará grandes nomes na radiodifusão.

Os irmãos Cabral de Araújo, José Lima Verde que apresenta o “Programa na Hora da Saudade ou Coisas que o tempo levou”. “Coisas que o tempo levou” foi criado por Raimundo Menezes, na década de trinta, a partir de 1945 o programa foi comandado por José Lima Verde. Terezinha Holanda, era a estrela-cantora da “Hora da Saudade”, a música carro-chefe era “A Comunhão da Serra”. José Júlio Barbosa e Clóvis Matias eram os caipiras do programa. Patrocínio das Lojas Gabriel ( Gabriel Leônidas Jardim), Casa Novas de Gutemberg Telles& Cia. Ltda. Tânia Maria, Vera Lúcia( estrelas-cantoras), João Ramos, João Calmon, Paulo Cabral e Cabral de Araújo. Gerardo Barbosa na discoteca, Ângela Maria, Stela Maria( Mariquinha e Maricota), Mozart Marinho e o saudoso Manuelito Eduardo Campos, Aderson Braz. João Ramos fazia sucesso nas rádionovelas e era muito assediado pelas mocinhas estudantes da época. Um programa que também fez sucesso foi “A hora do Comerciário”, naquela época o comércio fechava para o almoço. João Ramos era o apresentador. O boom do rádio antigamente era o misto de cantores, orquestras e apresentadores. Evaldo Gouveia, Armando Vasconcelos, Haroldo Serra, Carlos Alberto, Wilson Machado, José Lisboa, Irapuan Lima, Narcélio Lima Verde e muitos outros.

As Lady-Speakers na era do rádio faziam sucesso, Maria de Aquino, Violeta Nogueira, Eneida Costa, Neide Maia, Orlys Vasconcelos, Ítala Ney e Carmem Santos, a pioneira foi a Maria de Aquino, irmã de Tereza Moura e Maria José Braz. Os cantores galãs era destaque na cera Rádio Clube e na Rádio Iracema. José Auriz Barreira, Guilherme Neto, Carlos Rubens, Mário Alves, Evaldo Gouveia e Otávio Santiago, Paulo Sucupira(Bill James) dos vocalistas tropicais. Fernando Menezes, Luiz Irapuan, Carlos Alberto, Gilberto Silva, Fernando Fernandes, Epaminondas Souza, Gilberto Milfont, José Lisboa e Joran coelho( cantava a bela melodia do folclore venezuelano – “Alma Lhanera”. Nozinho Silva, João Bob, Geraldo Milfont, Giacomo Ginari, Paulo Cirino e suas pastoras, as irmãs Bernardo: Maria José( Isis Martins), Maria de Lourdes( Lourdinha Martins, entre outras. Pelo exposto denotamos a riqueza do rádio no Ceará em tempos passados, com excelentes profissionais. Hoje o rádio se tornou uma válvula de escape para muitos que fazem uso dele como promoção pessoal. Troca-se hoje a quantidade em detrimento da qualidade. Aos que não foram citados - nossas desculpas, mas o desejo era deixar assentado o nome de todos que brilharam no rádio de outrora, com certeza suas sementes brotarão num futuro próximo.

ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI - ACADÊMICO DA ALOMERCE

Paivinhajornalista
Enviado por Paivinhajornalista em 05/12/2007
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