Nascida do varejo dos dias
Sueli morreu
sem avisar
que a casa entristeceria
levou tudo
flores, móveis, cadernos
a fiação dos postes de luz
o teto de estrelas
não pediu pra dividir os bens
do abraço não dito
da taça ainda tinta do sorriso
sequer deixou permissão
para o abraço último
olhar o fundo dos olhos
dançar-te em margaridas
quem manda no não dito?
onde você vai morar agora?
se tudo virou um cobertor de vento
o que faço adiante?
minhas mortes esgotaram
minhas preces andam sozinhas
bem baixinhas
pra silenciar os caminhos
não pisados
não tem oferendas ao destino
para apaziguar o futuro
sem você
valha -me o inferno !