Rainha Negra

Quando uma personalidade negra morre é como se as correntes e amordaças tentassem ganhar formas novamente. Como se a liberdade por alguns milésimos de segundos deixasse de existir, para que a morte, a dama da noite, venha suprimir toda luta, resistência e poder de um povo; a raça negra.

Só que as vozes nigérrimas jamais se calarão, sempre haverão outras vozes para continuar aquilo que foi predestinado ao negro – a força - mediante a sociedade branca.

Hoje perdemos a nossa maior representatividade e orgulho da raça negra, nossa Rainha; Glória Maria. um Ícone de jornalista, mulher, pioneira, cidadã, mãe, brasileira e negra. Uma desbravadora do seu tempo, abrindo lacunas do preconceito e das possibilidades.

Todos nós de origem afrodescendentes vemos nela a nossa história, nossos antepassados e nossas conquistas. Fomos muito bem representados por essa força do jornalismo universal. Alguém que venceu com talento, carisma e verdade. Pavimentou estradas para que nós trilhássemos e brilhássemos sem medo e com dignidade da nossa cor de pele.

Eu, como descendente de negro, estou profundamente triste, pela perda da insubstituível Glória Maria, mas ao mesmo tempo realizado, porque desde criança tive nela a sensação que o negro pode, deve e sabe da sua importância no mundo.

Que outras tantas Glórias surjam no Brasil e que venham com o espírito guerreiro da paz e da alegria. Que continuem abrindo caminhos em todos os horizontes e que a nossa sociedade seja mais justa, íntegra e negra.

Obrigado por você ter existido - Glória Maria - de todos nós.

Sérgio Russolini
Enviado por Sérgio Russolini em 02/02/2023
Reeditado em 03/02/2023
Código do texto: T7710123
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