Mulher(es)
Das muitas mulheres que já fui
Essa é a minha versão favorita
Não porque hoje as coisas sejam mais fáceis
Vivo a catarse enquanto passo pela metamorfose
Mudo, me moldo, me puxo, silencio e falo demais
Choro, grito, gargalho, calo, me dispo e me abraço
me rasgo, me costuro, me acolho, amo, me refaço.
Sou tanto e sinto tanto, intensidade que caminha
Alucino com a criatividade da insegurança minha
Na força do amor, do ódio, da lama e do pódio
Dos medos que não compartilha, da descrença
Do excesso de pensamentos e de fantasias dela
Do prazer em ser a vítima, carrasca, em agonia
Conflituosa ao se descobrir mulher, é boa e má
Matando a criança obediente que cresceu só.
Eu...Volto a primeira pessoa, me tomo posse
E me conjugo como verbo, quebro contratos
Me quebro, me junto, me nomeio mosaico,
Belo, quebrado, difícil de ser lido por não ser uma,
mas muitas...Histórias, lugares, sons, pessoas
Composta de muitas, sei exatamente quem sou
Voou na liberdade de ser e ofertar-me em amor.
Estou em processo de feitura, não nasci pronta
Quando me entendo me torno mais complexa
Me torno mais completa mais dona de mim
Reviso meus caminhos, as estradas onde andei
Os amores que eu amo e também os que amei
As mulheres que eu fui e ainda as que serei.