Um brinde antes do fim.

Antes de tudo, um brinde.

Minha celebração solitária; eu e três lugares vazios, a mesa mais parece um altar pagão. Viva o panteão do mundo moderno!

Ao norte um copo de tinto, à Baco, e à leste um cinzeiro sujo à Hades;

À oeste meu isqueiro e maço de cigarros à Souza Cruz, Philipp Morris e todos os cancerosos, e ao sul uma garrafa cheia, à Bukowski, filho de Baco e Pai dos Bêbados, viva!

Ao centro uma folha de papel, e os contínuos e insistentes ataques da caneta mal manejada por mãos trêmulas e frenéticas e castigadas, uma vírgula aqui, mais um brinde! À Jack, o vagabundo iluminado, e à todos os poetas que suportaram (ao menos por um tempo) o peso e supressão do Dharma.

Aos lírios, às lágrimas não derramadas, aos amigos que se perderam e aos que me encontraram. Às pessoas que perdi e às que me ganharam. Às tempestades, às cigarras, às crianças inquietas e às abelhas e à(o) Mel, um brinde!

Às mães preocupadas e insones pelos seus filhos irresponsáveis, um brinde!

Aos hippies capitalistas e às pessoas medíocres, aos figurantes, um brinde! Às pessoas que perderam tempo aqui, e às que pensam ter valido a pena, um brinde!

À inconstância, às incertezas, aos receios, às paixões que queimam feito Napalm, à entrega, à Luxuria, à caridade, à paz de espírito, à Arte e tudo o que há de bom, um brinde!

Pra terminar, um brinde. Aos meus amores e aos seus, um brinde.