Muito, muito obrigada, Palmirinha.

Lendo o jornal de hoje, veio a notícia do falecimento da nossa Palmirinha Onofre. Por mais que eu consiga enxergar a passagem como algo muito natural... chega na hora bate uma dor, a certeza de não ver mais a pessoa. E isso nos deixa mais pobres. Bem mais pobres.

Eu me lembro da minha sogra falando muito bem da Palmirinha. Eu não sabia quem era e só a ouvia por delicadeza. Eu não me interessava pelas artes de fazer comida e do receber bem. O meu interesse se concentrava no acadêmico, na erudição que nos deixa tão solitários, e eu achava que esse era o único caminho. Caminho de quê??? Honestamente, não sei responder.

Ao acaso, um dia, ao ligar a televisão, eu vi aquela senhorinha esbanjando simpatia e sensibilidade. Fiquei assistindo e descobri: é a Palmirinha! Nunca mais deixei de procurar os seus programas, então pela Gazeta e depois pela Fox. Às vezes no youtube.

E eu fui percebendo as razões pelas quais ela era tão querida: um misto real de simpatia, gentileza, serenidade, ternura, respeito, cuidado. E o carinho com que ela tratava a comida!!! E os abraços que ela fazia questão de enviar no final de cada programa!!! Era a avó dos sonhos de qualquer pessoa minimamente consciente das necessidades do afeto. E como era linda!!!

Palmirinha nunca escondeu o quanto sofreu nessa encarnação: pobreza, mãe abusiva, tanto que foi vendida ela própria mãe, marido abusivo... mas esbanjou presença, esperança e sorriso.

Obrigada, Palmirinha. Muito obrigada mesmo. Quem me dera ter o mínimo da sua honradez, da sua simpatia, da sua disposição em perdoar.

Que os anjos lhe recebam com aplausos, sorrisos e braços abertos. E não se esqueça de fazer um bom arroz de Braga para todos os santos. Ah, faça também aqueles camafeus de nozes. Faça uma mesa belíssima para todos os santos e santas, todas as anjas. Para todos e todas que sofreram e, como você, souberam perdoar.

Parabéns, Palmirinha. Eu lhe aplaudo de pé, com algumas lágrimas, mas eu lhe aplaudo com rara admiração e respeito. Mesmo com tantas dores e humilhações sofridas ao longo da sua existência você soube amar a vida, partilhar conhecimentos e espalhar sem economia a doçura da boa esperança.

Siga em paz e ria muito, ria gostoso, como você tão bem sabia fazer.

Vera Moratta
Enviado por Vera Moratta em 07/05/2023
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