à morbida criação de meu caro Solfieri

(!)

Nas funéreas noites em que permito

A mim rir dos vivos, bebendo um morto,

Pincelando um santo d'antes maldito...

Um dia, por tais noites, vejo-o, absorto,

Sem calva e mais gordo, logo adianto

(Das funéreas noites em que me abismo)

Casta e herege prosa em que voei tanto!

Ó Papa-Cadáver, que vive apenas

Consigo ou n'alguns livros de um mecenas,

Será que respiro sem ar, sem mimos?

Deus, Lúcifer, eu... Será que existimos?

Ou será que um só irmão nem desconfia

Que ninguém, por anti-catolicismo,

Lhe há-de extirpar, mas por necrofilia?

a 31/01/07