A BRILHANTE POETISA VIROU ESTRELA

     ADRIANA GARDA DE SOUZA partiu para outra dimensão. Nós, seus amigos das Letras, ficamos todos consternados.

        Integrante da Academia de Letras de Nova Trento, a escritora e poetisa Adriana Garda de Souza teve como madrinha a filha Uiná Simão, e o Patrono, Padre Ângelo Sabbatini (S.J.). Ela que foi uma das fundadoras da Academia, ao lado de Moacir Antonio Facchini e da líder presidente Maria do Carmo Tridapalli Facchini, em 13 de julho de 2011. Além de participar da diretoria da Academia de Letras de Nova Trento de Santa Catarina era membro correspondente da Academia de Letras de Governador Celso Ramos/S.C. Nascida em 04 de novembro de 1965, em Florianópolis/SC, ela se formou em Agronomia, e atuou de 2005 a 2010, como engenheira agrônoma, em São João Batista; também foi professora de química e geografia e ultimamente exercia a profissão de Enóloga, em Nova Trento/ SC.

        Um ser de tão aguçada sensibilidade não demoraria a expor suas emoções, e assim foi colunista da Revista Passatempoesia, por 4 anos, assinando a coluna Reflexões do Cotidiano. Atual secretária na ALB/SC - Academia de Letras do Brasil para Nova Trento e da qual recebeu Certificado de Mérito Literário. Poetisa se fez diante do enredo da vida cotidiana nem sempre simplório. Ingressar no mundo poético lhe propiciou a publicação de poesias nos livros Premium II e Premium X – Ouro, e também Platinum I, pela Bookess Editora. Adriana participou do Grupo Poetas Del Mundo e da Antologia Poética Telhado de Flores. Recebeu alguns prêmios pelas belas poesias dentre os quais: Menção Honrosa da Academia de Letras de Palhoça/SC, e o 5º lugar no concurso de poesia da Academia de Letras de Santa Catarina/SC. Membro correspondente da ALB/Suíça.

Em 8 de dezembro /2017, em Niterói/RJ, recebeu a Comenda Benfeitor Cultural da Humanidade e Prêmio Caneta de Ouro, concedidos pela Federação Brasileira de Acadêmicos das Ciências, Letras e Artes (FEBACLA); Comenda Internacional Ruy Barbosa; Moção de Aplausos e Louvor e Mérito Cultural 2016, concedidos pela Organização Mundial dos Defensores dos Direitos Humanos.

        Em 9/dezembro/2018, a brilhante poetisa lançou seu livro de poesias solo Alma de Mulher, pela Prima Obra Editora.

     Seus poemas, extratos de sua alma, exalam perfume, doçura e sensibilidade.

Na poesia Dicotomias escreveu:

Cheguei a uma conclusão... / quem pensa que a vida é uma rotina, /

Não conhece a luta, vive uma ilusão! /Esta eterna luta entre o bem e o mal... / sempre termina, como o dia termina. / Noite estrelada, há luar, suave brisa!

Quando o mar agitado fica em calmaria! / Há paz, momentos de amor e carinho...

Mas muda o tempo. Eterna dicotomia!

Noites e dias, tento recordar... / Voo na mente, para distante lugar.

Sempre recordação! Força e recomeço! / Calmaria a alma busca... Esperança! / A rotina é a ironia da vida a nos enganar, / Para as lutas do dia a dia abrandar!

     Em outra poesia Lagoa, a confreira expressou lembranças da infância: [...]

Canoas se batem, ondas a bailar... / Com o vento maestro, singular.

Equilíbrio, pulo de lá para cá! / Mergulho, água salobra, Sol a bronzear.

Forte sensação de vida! Viva estar... / De alguma chuva, casebre me abrigou.

Pescadores, redes, infância lúdica... / Nesta Lagoa, que na memória ficou!

               (Livro 1ª Antologia da Academia de Letras de Nova Trento, pg. 38 e 39).

        Pareceu-me que um turbilhão, às vezes, se formava nalguma encruzilhada de sua vida. Ela seguia como quem vê a frente dois caminhos possíveis, mas não convenientes para a ocasião. Então, tomada de reflexões, se empenhava em entender os mistérios da Vida e fazia poesias que encantavam seus leitores. Publicou em sua página do Facebook alguns importantes eventos da Organização Mundial dos Direitos Humanos – OMDDH.

        Linda poesia publicou exibindo a beca impecável da Acalento, quando da inauguração da sede própria dessa Instituição:

                    Guardado na memória!

Quando a alma volta no tempo vem um sentimento de nostalgia...

De odores, que me levam a lugares do passado.

Quando um fundo respirar, transporta para momentos/ que fizeram rir e chorar...

Você está aqui vivendo e por um instante, / encontra a velha casa da infância, o cheiro da comida da mãe, / as brincadeiras com amigos e irmãos.

Mas não dá para escrever... É algo muito pessoal e divino.

Tento passar um pouco de sensação... / Mas nada. Só palavras...

O coração, a alma... As emoções!

Guardo... Quando vêm me visitar, transportar e relembrar, agradeço!

Isso é a vida a me lembrar, que somos imortais!

Sempre tenho nas viagens da saudade no tempo, todos e tudo que me fazem estar aqui e prosseguir! / É muito especial, por isso, raro...

Ah odores do passado, sensações do que chamo meu Ser!

                                                                           Adriana Garda de Souza

        Em sua vibrante personalidade vê-se um caldeirão de sentimentos e vivências dignos da nossa admiração. Suas raízes afetivas, a família e o sítio, fizeram com que ela sempre retornasse a Nova Trento para estar com os familiares e amigos.

Nas poesias Libertação, e Planícies áridas! nos deparamos com uma mulher aflita e pensativa, tendo a necessidade de ser forte para prosseguir, pois segundo escreveu:

“Qual o enigma?... O que acontece? Fatal ou ilusão? Magia, tabu, secreto, se revela!

Pela lei natural, valentia ou utopia! Cercear, limitar... Ansiedade! Quem pode afirmar com exatidão? Eterna busca da libertação”. A poesia lhe acalmava a alma e ela seguia firme tateando letrinhas resolutas em estrofes soberbas.

        A vice-presidente atual Maria do Carmo T. Facchini escreveu: “Adriana Garda de Souza foi e sempre será nas lembranças deixadas, aquela amiga de alma, sempre presente e muito parceira. Parceira na amizade verdadeira, parceira no fazer literário e cultural junto aos confrades e confreiras da Academia de Letras de Nova Trento. Membro diretora, ocupou a cadeira 03, tendo como patrono Pe. Ângelo Sabbatini. Sempre foi extremamente preocupada com o bem estar do seu esposo, João Luiz Simão, e dos seus filhos: Mateus, Uiná e Giuglio. Adriana era de uma notável inteligência. Adorava ler, principalmente biografias. Sempre comentava suas leituras, com certa ênfase aos clássicos da literatura brasileira e estrangeira. Sempre apoiou minhas ideias e ideais junto ao fazer literário. Sempre juntas! Irmã ou amiga? Posso afirmar que amiga- irmã de alma e coração. Sempre! Eternamente! Obrigada, Adriana Garda de Souza por fazer parte de meu viver. Jamais te esquecerei! Apenas muito obrigada! Nas lacunas do tempo iremos nos encontrar novamente. Até breve!”

        Palavras do confrade Willian W. Brenuvida: “A vida é um sopro e a batida de um coração, diriam os poetas... Serei sempre grato pela amizade da Adriana. Juntamente com o Miguel (Simão), somos dela parentes pelo marido. E, com o tempo descobri uma ligação genética, por meio das pesquisas da Uiná (filha dela), portanto, sou também parente da Adriana por meio de nossas ligações ancestrais com o Vale do Rio Tijucas (SC). A Adriana nos brindou com sua arte, e com sua prestimosa ajuda no campo artístico e literário, especialmente na Academia de Letras de Nova Trento. No momento, expresso minha dor e tristeza, solidariedade e paz”.

        A poesia era a sua catarse, suas pegadas na areia de um deserto fértil. Revelou em sua página o significado do nome Adriana: “Alma de Luz”. Sua passagem tão rápida por esta terra nos deixou atônitos.

        Dia 09 de julho ela faleceu. Quanta tristeza!... Aqui expresso meu pesar!... Deus permita que suas poesias ecoem na quinta dimensão e de lá retornem para encantar os seres nostálgicos aqui na Terra. Muitos de nós passamos por esta Vida cheios de ansiedade, de buscas e deslizes!... passamos décadas em busca da perfeição. Certamente, nos últimos momentos, na derradeira luta de sobreviver, seus dias tenham sido repletos de luz celestial e os guardou em sua alma brilhante. Adeus Adriana! Saudades eternas! 

 

 

Izabella Pavesi