(Super) São Padre Pio

23 de setembro. Dia de São Padre Pio de Pietrelcina!

Franciscano. Capuchinho. Mestre em humildade. Figura simples e modesta. Totalmente desapegado. Nunca reivindicou nada para si próprio. Vivia meio que isolado do mundo material, voltado apenas para seu amor a Deus e ao próximo.

“De graça tudo ganhei e de graça passo adiante.”

Cumpria rigorosamente as prescrições da igreja, era grande devoto da Maria, venerava os anjos e santos, rezava pelas almas e ministrava os sacramentos com imenso amor.

“O amor é a rainha das virtudes. Como as pérolas se ligam por um fio, assim as virtudes pelo amor. Fogem as pérolas quando se rompe o fio. Assim também as virtudes se desfazem na ausência do amor."

"Falta de amor é como choque na menina dos olhos!”

Viveu como santo. E é bem por aí mesmo: ninguém vira santo só porque morreu. Santidade se alcança em vida. Fazendo a vontade de Deus. A canonização é o troféu, o reconhecimento da Igreja ao cidadão que teve a iluminação pra compreender os desígnios do Senhor, deu seu sim e permitiu que Deus realizasse milagres por seu intermédio.

"Sou apenas indigno instrumento".

Só que não! Mas não mesmo!

20 de setembro de 1918. Padre Pio era sempre o primeiro a entrar na igreja e o último a sair. Estava só, orando diante do crucifixo, braços estendidos, quando teve a visão: do tabernáculo, surgiu uma luz deslumbrante, o próprio Senhor Jesus, resplandecente, veio a seu encontro!

Ao despertar do transe, tinha em si as chagas de Cristo. Os frades o encontraram sobre os ladrilhos do coro. Levaram-no para a cela e lá perceberam as feridas, enormes, nas mãos, nos pés e no lado. O primeiro sacerdote a receber os estigmas, que, até sua morte, nunca pararam de sangrar. Abundantemente. E mais ainda durante a missa e no tempo da quaresma.

Total contradição às leis da natureza. As feridas não infeccionavam, mas também não se fechavam. Suas extensões não aumentavam nem diminuíam. Cientistas e pesquisadores de projeção global, ao estudarem Padre Pio, viram com seus próprios olhos como em apenas um instante se desvanecem as leis da natureza e se realiza o milagre de Deus.

Aqui vale a pena chamar São Bernardo pra conversa:

“A quem não acredita, nenhuma explicação é possível; a quem crê, nenhuma explicação é necessária.”

A notícia se espalhou rapidamente. De todos os cantos começaram a chegar fiéis para ver e falar com o frade. Traziam cartas para apresentar suas necessidades. Dez mil por dia, mais cerca de mil que chegavam pelo correio.

Impossível ler tudo, mas relatos dos confrades comprovavam que o destinatário conhecia o teor de cada uma delas. À noite, o Padre rezava em frente à pilha, para encomendar a Jesus, por intermédio de Nossa Senhora, todas as súplicas a ele enviadas. De repente por isso tenha obtido tantos favores. Por conhecer o sofrimento humano, devia comover o próprio Coração de Jesus, contando ainda com o patrocínio da maior das Advogadas.

Considerava que as chagas configuravam a maior distinção que Deus concede ao homem. Seriam uma nova revelação de Cristo, em seu servo, para lembrar à humanidade o incomensurável valor do sacrifício pelo qual remiu todas as almas.

"São as chamas do divino amor. Regozijo-me em padecer, pois posso equiparar-me a São Paulo ao dizer que não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim".

Tomava para si próprio as doenças daqueles que haviam sido desenganados pelos médicos. Assumia as dores e angústias dos peregrinos que o procuravam por não terem mais a quem, nem a quê recorrer. E ficavam perfeitamente curados.

“Deus opera milagres no corpo para salvar a alma, para sacudir e despertar a pessoa.”

Quando várias coisas na vida dão ruim ao mesmo tempo, a gente costuma brincar pra se conformar: "Pra São Sebastião, uma flechada a mais não faz diferença!" Seguindo essa lógica, é tranquilo afirmar que pra São Padre Pio, que já tinha consigo, permanentemente, as terríveis dores dos estigmas de Nosso Senhor, abraçar uma doença incurável ou uma agonia de morte pra aliviar mais uma pobre alma também não seria nada de extraordinário, né? E quantas lágrimas secaram! E quantos corações foram consolados!

Mas toda salvação tem seu preço!

Era acometido por febres extremamente altas, que chegavam a deixá-lo inconsciente. Em uma dessas crises de maior gravidade, os frades resolveram chamar o médico. Não foi possível aferir a temperatura do Padre. O termômetro simplesmente estourou. Espantado, o doutor tentou com outro. Também estilhaçou-se. Então apelou pra um daqueles usados para medir a temperatura da água da banheira. O aparelho marcou 48,5 graus.

Comia muito pouco. Passava muito tempo sem se alimentar, chegando a ficar mais de trinta dias em jejum. Dizia que suportava tudo por uma graça especial de Deus.

"Afinal de contas, o que de melhor poderíamos oferecer a Deus senão o próprio sofrimento, experimentado com paciência e amor?"

E assim os milagres se sucediam.

Levaram uma menina cega ao confessionário. Tinha quatro irmãs, todas cegas. Pediu a Padre Pio que rezasse para que ela pudesse enxergar. Mas não queria ser impertinente. E que, portanto, aceitaria a vontade de Deus. O padre comoveu-se profundamente com a humanidade e resignação da criança, de apenas sete anos. Rezou com ela uma Ave-Maria. Com suas mãos, cobriu as mãos da menina. Ao final da oração, um grito:

- Padre, estou vendo o senhor! E o altar! E as pessoas! Estou vendo! Estou vendo tudo!

Gemma di Giorgi, a menina, havia nascido sem as pupilas!

Setembro de 1956. Pai e mãe trouxeram a filha em uma cadeira de rodas. Doença nos ossos. Assim que acabou a missa, gritaram ao sacerdote:

- Padre Pio, tem compaixão de nossa filha!

Ele parou, olhou e fez o sinal da cruz. A menina pulou da cadeira e correu ao seu encontro, para beijar-lhe as mãos.

Uma mãe entrou na igreja, com a filha agonizante nos braços.

- Padre Pio, socorre minha menina! Já está sem vida, mas creio que possa fazê-la reviver.

O padre tomou a menina, a abençoou e a devolveu à mãe:

- Leva tua filha!

A menina acordou. Mexeu as perninhas. Desceu do colo da mãe.

- Mamãe, tenho fome!

Os cegos voltando a enxergar, os coxos voltando a andar, os mortos voltando a viver!

E tem mais. Acha que se recebe as chagas de Nosso Senhor, assim, do nada? Ou, como o próprio afirmava:

“Acreditas que Deus me tenha dado por enfeite?”

Decerto, com elas também vieram alguns, digamos, “poderes”.

Padre Pio foi visto, inúmeras vezes, em dois lugares simultaneamente. Dizia não saber se era o corpo ou somente a alma a realizar a bilocação, mas tinha plena consciência de quando o fenômeno ocorria.

Em um telegrama vindo de Turim, um agradecimento ao superior do convento por ter enviado Padre Pio para socorrer uma pessoa que estava morrendo. No entanto, no dia do ocorrido, o sacerdote não havia saído do mosteiro. Mas, por alguns momentos, permaneceu frente a uma janela, olhando para a montanha. Rígido. Imóvel. Após algum tempo, se sacudiu, como se estivesse despertando de um sono. Tava era chegando de Turim!

Padre Pio era visto com frequência, pelos confrades, elevado acima do chão enquanto orava. E, se necessário, levitava muito acima da superfície.

Durante a Segunda Guerra, um esquadrão americano deveria destruir um depósito de material de guerra alemão, próximo a San Giovanni Rotondo. No momento do ataque, todos os pilotos dos aviões viram um monge no céu, com as mãos erguidas. Soltaram as bombas, mesmo assim. Inexplicavelmente, nenhuma atingiu o alvo. Todas caíram na floresta, longe da cidade.

Terminado o conflito, o comandante da força aérea, informado da existência na região de um padre que operava milagres, foi ao convento com alguns pilotos. Reconheceu de pronto o sacerdote e caiu de joelhos. Padre Pio foi a seu encontro:

- Então era o senhor que queria matar a nós todos?

Não bastasse tudo isso, ainda era cheiroso!

Também chamado osmogenesia ou odor da santidade, esse carisma também se manifestou em Padre Pio. O perfume emanava de seu corpo, de suas vestes e dos objetos que tocava. Também era sentido nos lugares por onde passava e, pasme, até onde era simplesmente invocado.

Mas os maiores milagres se realizavam, com certeza, diariamente. No sacramento da confissão e no altar, durante as celebrações.

Padre Pio cumpria suas obrigações sacerdotais com zelo heroico e incansável amor até o extremo. Seu esforço e dedicação não conheciam limites nem cansaço, quando se tratava da salvação das almas. Passou a ser chamado de “Mártir do Confessionário”.

Atendia confissões por até dezoito horas seguidas. Exagero? É que o tempo de espera pra abrir o coração e receber o perdão, conforme as estações do ano, variava de cinco a dezoito dias, para os homens e de oito a trinta e cinco dias, para as mulheres. Tá errado não! Era isso mesmo! E por isso mesmo o empenho do Padre pra fazer a fila andar. Agora, imagina o desgaste espiritual do confessor! Só pecado, culpa e arrependimento o tempo todo, todo dia!

E o pior - ou melhor, aí depende - é que, no confessionário, Padre Pio entrava em estado de iluminação. Tinha a graça de participar, mesmo que parcialmente, da onisciência divina. No popular: já sabia dos pecados do cidadão. E ai de quem omitisse ou minimizasse seus malfeitos: saía sem a absolvição!

Rezava a missa diariamente, às cinco da manhã. Os fiéis aguardavam na porta da igreja desde a madrugada, rezando e cantando. Uma multidão aglomerada, pedindo e agradecendo, em variadas línguas. Antes da celebração, todos os dias, Padre Pio arrastava-se em direção à sacristia. Experimentava, nos momentos que antecediam o santo ofício, a Paixão de Cristo no Monte das Oliveiras, preparando-se para a renovação do sacrifício da cruz.

Durante o ato penitencial, sofria pelos terríveis pecados que o Senhor lhe mostrava. Sua fisionomia revelava tormento e dor. Já no Glória e no Credo, aparentava ter visões. Tinha-se a impressão de que Padre Pio vivia claramente tudo o que dizia. Raros instantes em que se percebia no sacerdote um semblante que denotava uma alegria incontida.

Recitava o Evangelho com grande devoção e caía em êxtase novamente no Ofertório. Após o Santo era tomado por febre alta, que provocava temores frequentes. Os olhos enterravam-se fundo nas órbitas, as feições do rosto se contorciam como as do Salvador, agonizante no Calvário.

Ao pronunciar as palavras da Consagração, um estremecimento de aflição por todo o corpo. Fazia um esforço tremendo pra suportar as dores ardentes, cortantes, como pontas agudas perfurando e remexendo as entranhas. E o sangue começava a gotejar das chagas de suas mãos. Padre Pio não meditava a paixão de Jesus. Ele a sofria na própria carne!

Os fiéis, temendo que o padre morresse, gritavam, soluçando:

- Senhor, misericórdia!

E com frequência se ouvia na assembleia:

- Agora creio!

No momento da comunhão, Padre Pio se transfigurava. Gozava a alegria e a delícia de sentir o céu em abundância, o quanto fosse isso possível a um ser mortal. Recebia, enfim, a recompensa por todo aquele sofrimento intenso que pouco antes o consumia e, ao mesmo tempo, recobrava a força e o ânimo para repetir o ritual de dor e felicidade no dia seguinte.

E assim seguiu até 23 de setembro de 1968, quando encerrou-se sua missão cá embaixo. Canonizado pelo Papa João Paulo II, em 16 de junho de 2002, São Pio de Pietrelcina teve seu corpo exumado em abril de 2008, como parte das homenagens aos quarenta anos de seu falecimento. Estava incorrupto e foi colocado em exposição pública na cripta da Igreja de Santa Maria das Graças, em San Giovanni Rotondo.

Deu vontade de conhecer mais, de sentir Padre Pio mais de perto? Não, não precisa ir até a Itália, não. Claro que pode, se tiver condição e disposição. Deve ser uma experiência realmente maravilhosa! Mas a boa notícia é que tem uma capela, aqui mesmo em Presidente Prudente, dedicada a São Padre Pio. É vinculada à Paróquia Nossa Senhora do Carmo.

Mas o que teriam em comum a Flor do Carmelo e um capuchinho italiano estigmatizado? Ambos são personagens de manifestações concretas da vontade de Deus.

Nossa Senhora apareceu a São Simão Stock e presentou o frade, franciscano, com o escapulário, que representa a proteção, a esperança e o alento divinos, tão necessários e providenciais quando a Ordem dos Carmelitas sofria cruel perseguição, já à beira da extinção, lá em 1251.

Padre Pio recebeu em seu corpo as chagas de Cristo. Só isso! Sinais visíveis do sofrimento a que Jesus se submeteu a passar na cruz para zerar os pecados de todo mundo.

No Mosteiro do Monte Carmelo, a promessa aos cristãos, pela Mãe de Deus, em pessoa, do amparo que vem do céu quando tudo parece perdido!

Em San Giovanni Rotondo, o mais perfeito retrato da salvação!

Adaptado do livro "Padre Pio mudou nossas vidas", de Karl Wagner e Giovanni Mezzadri Editora Fraga, 2016.

Bora pra missa?

A Capela São Padre Pio fica na Avenida Doutor Ibrain Nobre, 275 - próxima ao SESI do Parque Furquim, em Presidente Prudente.

A missa é semanal, aos domingos, às oito e meia da madrugada. O bom é que a gente já começa o Dia do Senhor plenamente abençoado!