NONAGÉSIMO ANO

NONAGÉSIMO ANO

 

Ele completou o seu natalício,

Na véspera do nonagésimo ano,

E lembrou como foi o início,

Dessa vida de ano após ano.

 

Se fez Moreno em seus primórdios,

Para um dia se mostrar Agnaldo,

Foi oficial, mas viu o nó górdio,

E viajou com sua amada ao lado.

 

Fez de Jequié o seu principado,

Desde um mercado a outro negócio,

Teve bar com os sorvetes ao lado,

E não soube o que seria o ócio.

 

Trabalhou arduamente na vida,

Fez valer a valentia do mouro,

No cacau regou a cana embutida,

Mas no comércio achou o tesouro.

 

Hoje, entre amigos e o lar,

Joga cartas para se divertir,

Vai à rua e não à mesa de bar,

Mas não pede, pois é de servir.

 

Lá na roda dentada de amigos,

Goza o carinho de ser companheiro,

Fala e faz, sem citar artigo,

É de dezembro, mas vive janeiro.

 

Está na estrada como nonagenário,

Vez que é o forte que não espirra,

Como quem se fez de legionário,

Mas sua guerra é paz e cantiga.

 

Não é pra todos essa felicidade,

A qual ele brinda com muita fé,

Tanto no campo e até na cidade,

Pois agora é cidadão de Jequié.