Invernadas de palavras
Se gélida se faz a alma
Das palavras que congelam-se no coração
Nem por isso o espírito se aquieta
Letras nervosas se assanham
E articulam o levante do grito existencial
De sílabas acanhadas quase murmúrios
Saodadieus, uma espécie de desejo de vogais.
Mas que fazer se a hibernada fora longa
E o acordar tão tardio em plena primavera.
Como queria tanto que hiatos florescessem como mato
E nossas vontades apenas gotejassem
O saber da poda ou o saber as linhas com que se cose.
O único espaço inexplorado.
Se assim desejas e assim me saúdas
Tomo minha veste em letras
E fardado em poesia
Sigo esta luta transversa
Aos versos de muleta e pé quebrado.