No dia de seu aniversário, uma agradável surpresa para a “vovó” Nivalda.

Enfim, chegou o tão aguardado dia 26 de janeiro de 2006 quando ela completava setenta anos de existência repleta de momentos felizes, mas, como é natural, de alguns dissabores. Afinal não se sentia diferente das outras avós. Apreensiva e com a certeza de que obtivera uma grande dádiva de DEUS, levantou-se cedo para preparar o bolo que certamente seria degustado pelos sobrinhos, “filhos e netos”. Na rotina diária, entregou-se com mais empenho para que pudesse estar disponibilizada e descontraída, por ocasião da chegada daqueles a quem tanto amava. Os telefonemas não paravam, e a todos que atendesse mostrava-se alegre sem, contudo, esconder a sua dor reumática, bem como a expectativa de com todos se reunir.

Em algum local não muito distante de sua residência, algo estava sendo “tramado” para a comemoração dos setenta anos da “Tia Valda”, como é carinhosamente chamada por todos que a cercam. Eram 15:00 h, quando atendera um telefonema, para ela um tanto estranho, uma vez que uma de suas sobrinhas pedira que descesse até a área de recreações do prédio, com a justificativa de que alguém a esperava para tratar de assunto particular, o qual só poderia ser resolvido em local alheio a sua casa. Sem nada desconfiar“vovó Nivalda” desceu do nono andar pelo elevador de serviço, uma vez que a ansiedade não lhe permitiu aguardar o de utilização social.

Em lá chegando, mostrando-se surpresa ao deparar-se com vários parentes, inclusive aqueles residentes em cidades distantes, todos ladeando uma farta mesa onde havia um lindo bolo, composto das velas significativas de suas setenta primaveras, “vovó Valda” emocionou-se e constatou a importância da vida, quando esta é levada com amor e dedicação aos seres humanos e, em particular, aos entes queridos.

O grande fato desta crônica é que a “vovó” aniversariante jamais deu a luz, sendo tão somente a tia solteira, porém dispensando amor materno a sobrinhos e filhos destes, razão fundamental de ser considerada a “grande vovó” da família.

Demarcy de Freitas Lobato (Em memória)
Enviado por Demarcy de Freitas Lobato (Em memória) em 06/04/2008
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