COMUNIDADE DO BAIRRO RODEIO

Descrever a comunidade é dar vida a pessoas anônimas que fizeram história numa localidade.

São histórias que minhas lembranças acolheram nas noites estreladas apreciando o linguajar manso e com sotaque carregado que fazia meu pensamento viajar! Linguajar oriunda de pessoas que o tempo não apagou o meu admirar...

A minha vida foi nessa comunidade... Passei minha infância, adolescência e a vida adulta, quase quarentas anos me deliciando da simplicidade de um povo humilde e sofrido muitas vezes pelo descaso das autoridades.

O Bairro do Rodeio é localizado na cidade de Cáceres-MT.

Essa comunidade faz parte do meu ser... Lembranças de felicidades!

E diante de chuvas de aprendizado que absorvi durante esses anos quero desfrutá-lo com vocês as lendas. E resaltando os anônimos do mundo e famosos em meu coração, pessoas que ainda vivem e muitas já faleceram... Mas, quando vivas trouxeram sonhos, fantasias e esperança ao meu olhar. Narrarei resumos de lendas que fazem parte da cultura oral da comunidade que hoje encontra-se esquecidos pela erosão do tempo.

A LITERATURA ORAL DA COMUNIDADE DO BAIRRO RODEIO

As lendas e os contos como cultura oral, geralmente surgem a partir de um acontecimento peculiar, ocorrido em determinada comunidade, acrescido do imaginário popular. Passam a integrar a cultura local, transmitida oralmente de geração a geração. Quase sempre tem um propósito, em particular à educação, pois através das lendas e contos, ensinam noções de respeito à vida de seu próximo, a bondade, a solidariedade e outras virtudes que não aprendiam em salas de aulas, visto que muitos não tinham oportunidade de estudarem devido ao trabalho.

Para terem uma formação moral, os pais, avós, tinham orgulho de contarem certas estórias, em especial se algo acontecesse durante o dia que extrapolassem o que para eles era incorreto, então à noite, sem chamar a atenção, relatavam um certo acontecimento, que era destinado a correção dos filhos, pois os pais evitavam agredir seus filhos com palavras e fisicamente, só em caso extremo.

Atualmente, não utilizam mais de contos e lendas na educação dos filhos, e muitas pessoas afirmam.

"-Os pais não têm tempo! Trabalham o dia todo!"

Sinceramente é comum ouvir essa afirmação, e com inúmeros adeptos, mas então os pais de antigamente não trabalhavam, não tinham cansaço! Sendo o serviço braçal, roça para os homens e além do serviço de casa para as mulheres, ainda tinha a lavação de roupa de ganho, conforme relatos. Nota-se que também eram muito ocupados, mas para os filhos tinham tempo, não ficavam presas as televisões, pois não tinham nem luz, segundo Senhor Higino Ramos pai de doze filhos, e desabafa:

"-Filhos queriam ouvir os pais e pais queriam falar com os filhos, atualmente falta o compromisso e responsabilidade de ser pai e mãe! E o encantamento das lendas e contos acabaram, não estão sendo contadas, tiraram o direito das crianças sonharem e imaginarem".

Diante de muitas lendas citamos algumas lendas mais comuns no Bairro do Rodeio:

LENDAS

Não existe beleza igual ao um olhar de criança, quando esta escutando uma lenda, sendo indescritível o brilho desse olhar, a atenção e a imaginação, cuja é muito fértil.

As crianças dão vidas aos personagens fictícios, vivem aquele momento com muita dedicação, e raramente esquecem, passa a estória aos demais colegas com a mesma emoção que escutará.

As lendas encantam as crianças, jovens e adultos, pois a oralidade faz parte de tradições de anos e anos, e não existe faixa etária para deixar fruir as emoções de encantamento que a lenda nos oferecem.

Não importa se a lenda é de assombração ou romântica, ao escutá-la parece um filme sendo rodado, passando pelos olhos e acariciando os corações.

Na comunidade do Bairro do Rodeio, inúmeras lendas foram passadas de gerações em gerações, e muitas foram esquecidas pelo tempo, e atualmente essa tradição está acabando devido à televisão, a falta de tempo dos pais, e outros, mas as crianças apreciam as lendas, e quando contadas pelos pais, elas sentem-se mais amadas e valorizadas.

As lendas mais comuns são:

MULHER DO "REGO" (MANILHA)

Há vazante com manilhas na rua Radial 01, Bairro do Rodeio, com mais de 35 anos.

Às vezes as autoridades competentes, de quatro em quatro anos, lembram e abrem as valetas para escoação de águas e arrumam-na. Mas, há alguns anos atrás existia mais fartura de água na valeta com mais ou menos dois a três metros de largura dependendo o lugar. Para as crianças da localidade era festa, pois era uma forma de lazer, pois passava debaixo de muitas árvores, sendo algumas frutíferas nativas como o caso da goiaba araçá, fruta-pão, ingás, e outras.

Para os moradores era um tormento, pois na época das águas, enchia muito e a manilha de bocas pequena não suportava tantas águas, então inundava a rua dificultando a passagem até 500 metros ou mais. Mas, com água corrente tão límpida, era difícil segurar a criançada em casa. As crianças adotavam um lugar que achava mais fundo, com sombras e com simplicidade o local tornava para eles um clube de luxo, com direito até piqueniques.

Assim o referido "rego" cortavam ao fundos algumas chácaras e lotes, para as crianças eram alegria dizer:

- "Vamu toma banhu no rego de tchá Laia!"

Ou intitulava-se "rego de Didi" ou "Rego de Olga". Porém, elas não gostavam do apelido que colocaram na vazante, mas as crianças divertiam fazendo questão de mencioná-lo.

Por outro lado os pais ficavam com medo, havia sucuris, jacarés e o perigo de morrerem afogadas, sendo talvez a razão de uma mulher de branco aparecer na manilha.

Uns diziam que ela era uma moça apaixonada que fora abandonada pelo noivo que não a amava, e antigamente era uma lagoa e a mesma temperou um veneno chamado "Formicidade de Tatu" e deu cabo em sua juventude. Outros diziam que a mesma morreu depois de uma ventania forte, e uma tábua que escorava a porta caiu em cima dela. Ainda outros falam que um marido ciumento havia matado a bela esposa naquele lugar.

Os pais e avós falavam aos filhos e netos:

"- Cuidado, não vai teimar, brincam... Mas, não vai no "rego" (as valetas), pois a mulher de branco aparece lá, ela quer justiça."

Os filhos respondiam com muita educação (naquela época a psicologia era surra mesmo).

"-Mas, ela não aparece só à noite!"

E os pais explicavam, "quase os convencendo":

"-Chaí, criança! Já viu coisa "dotro" mundo ter hora para "parece"!"

E assim, descuidava um pouco, lá estavam as crianças, mergulhando, pulando de cima dos galhos dentro da água, boiando e outras pescando lambaris. Mas, a noite é claro que elas não passavam nem perto. Havia adultos que passavam pela manilha à noite com umas e outras cachaças na cabeça que juram ter visto a mulher de branco do "rego", uns diziam que ela pedia oração, velas e até missas.

Atualmente existe a valetas e as manilhas, com reformas e trocas, não são as mesmas. Só não tem aqueles lugares pitorescos em contato com a natureza com sabor de infância. Há muito lixo, esgoto a céu aberto e até as vegetações o homem tratou de destruir, isso não é progresso isso é retrocesso.

As crianças do Bairro do Rodeio não possuem lazer por falta de nossas autoridades ver com os olhos de criança, o que realmente criança gosta. Criança gosta de brincar! E então muitas crianças e jovens por falta de incentivo de serem crianças crescem fora de época e muitos caem no mundo da droga e prostituição por falta de espaço para serem crianças, é obrigada pelo mundo adulto esquecerem da mulher de branco, e do "rego", destruindo assim o sonho de serem crianças, e quebrando o elo com o imaginário, fator necessário para a formação psicológica da criança.

MULHER DE BRANCO DO MANGUEIRAL

Essa era outra mulher de branco, fico analisando como que as almas do outro mundo, as chamadas assombrações curtem os modelitos na cor branca. E acreditem as crianças em geral, criam em sua fértil imaginação fantasias descrevendo como se tivesse diante da própria assombração. As roupas sempre leves e esvoaçantes. A mulher de branco do mangueiral, aparece mais na época das mangas. Por que? Talvez gostasse de chupar manga?

Não! Era um meio dos pais, afastarem seus filhos do perigo, naquela época, as crianças mais pareciam uns "macacos", trepavam em cima das mangueiras e ficavam horas e horas, chupava uma manga aqui e outra acolá. Era só alegria! Uma infância feliz em contato direto com a natureza e com as frutas fresquinhas, colhida no pé com ou sem mulher de branco. As vezes subiam no pé de mangueira com a boca ocupada com bocaiuvas (famoso chiclete de "bugre"), mas, para quem é radicalista pode acreditar não existe chiclete mais saudável, nós cacerense, bugres sim, adorávamos o que era nosso. Bom, sem contar o caju! Sua nódoa era inimiga das mães e avós!

O referido mangueiral era um local meio distante de vizinhos, havia muitas mangueiras que formava quase um bosque. As crianças cuidavam do local, como se protegessem, varriam as folhas e brincavam tanto em cima, como em baixo! Bom, o perigo era eminente, poderia, como aconteceu, muito e muito, casos de crianças caírem e quebrarem braços, pernas e quase perderem a vida.

Era inevitável, o pai aconselharem:

"- Viram, o menino caiu da mangueira. Já falei para não irem lá. Deve ser a mulher de branco que empurrou o coitado!"

E assim o assunto repercutia, de boca em boca ia a mulher de branco. À noite até os corajosos que por lá passavam, evitavam olharem para o local, e muitos afirmam ter visto a mulher de branco do mangueiral, dizendo que ao olhá-la ficavam estático, e não andavam para frente e nem para traz.

Atualmente resta-se muito pouco daquelas mangueiras, no local há construções, e não se vê falar mais na assombração, acho que ela mudou-se para outro local, menos povoado, afinal até assombração gosta de sossego.

Assim as crianças além de perderem a lenda, ficaram sem o local que lhe ofereciam um lazer simples em contato direto com a natureza.

BOI PRETO

Um enorme boi preto aparecia nas imediações do inicio do bairro rodeio, havia uma subida para chegar na BR 070, era de cascalho. Uns diziam que o boi foi atravessar a BR e foi atropelado, visto que naquele tempo os bovinos e equinos ficavam soltos pastando capim "carona" nos campos de canjica, sendo que atualmente são os bairros Rodeio, Jardim Paraíso, Jardim Imperial e Oliveira (EMPA). Outros diziam que um ladrão roubou o boi, e chegando à subida, não suportando a lida com o boi, mato-o, e como era um boi de estimação, ele aparecia procurando seu dono.

Para quem vinha tarde da noite, e tinha que passar por aquele lugar era acometido pelo medo e susto, pois no meio à escuridão da noite poderiam ser surpreendido com um vulto de enorme e gordo boi preto que vinha à sua direção com um berro de desespero, se a pessoa saísse de lado com medo de trombar de frente com o boi, certamente cairia um tombo e ficava todo ralado pelo vermelho cascalho, e aquele que em meio o apuro não conseguisse desviar, o boi atravessava-o pelo meio, como uma sombra. O arrepio e um tombo à frente eram inevitáveis. E quem passasse a pé dizem que o boi corria atrás, pensando que foi o teu matador.

Porém, veio o asfalto, desviou a entrada do bairro do Rodeio, houve época que havia uns telões na BR 070, separando-o dos bairros deixando somente umas entradas. Mesmo tirando os telões, a entrada ficou um pouco longe da antiga, e o boi deve ter desanimado com tantas trocas de entradas, põem telão e tira telão, luz elétrica, um barulho constante dos caminhões e automóvel, o ponto de prostituição e agora o mercado do produtor logo adiante. Com tantas coisas assim não há assombração que aguente!

LOBISSOMEM

O lobisomem, metade lobo e metade homem. Criam-se divergências do seu aparecimento. Uns dizem ser o sétimo filho homem de uma família que só teve filhos do sexo masculino. Outros argumentam que é um filho ruim que bateu em sua mãe na sexta-feira santa. E ainda pode ser um rapaz desajustado que era muito desobediente com os seus pais, que na noite de lua cheia, numa sexta-feira Santa 13, fez inúmeras maldades e rolou aonde um cavalo havia deitado, e em seguida comeu fezes de galinha debaixo de um poleiro, a fim de virar lobisomem.

Em noite de lua cheia no bairro do Rodeio, escutava-se ora longe, ora perto os uivos do lobisomem. Muitos moradores relatam que o lobisomem vinha e arranhava a porta, deixando as marcas das unhas, profundas na parede. O lobisomem devorava as galinhas, e ninhadas de cachorrinho e gatinhes.

E o lobisomem desde bebezinho virava e caia da rede ou berço, rolando pelo chão já virava um cachorrinho. Dizem que se colocar uma bacia de água na beira do berço, e invés do chão cair na água, corta o encanto.

Segundo o senhor Constantino Xavier das Neves (80 anos), é fácil identificar um lobisomem, pois a pessoa é pálida, com os cotovelos grossos, unha grande, dentes caninos maiores que os outros, os cabelos sempre compridos sem corte e desalinhados, e o corpo com uma certa fartura de pêlos. Pois, ele foi atacado por um, aconteceu que os cachorros latiam, e ele saiu para ver o que acontecia, e com a lanterna verificou um enorme de cachorrão, peludo, branco com os olhos azuis, que vinha em sua direção para ataca-lo, mas ele correu e subiu numa lixeira, em seu quintal e gritou para que sua mulher trouxesse a "chumbeira" arma de fogo, e ela com medo não saiu, e então ao amanhecer o cachorro desistiu de esperar ele descer e foi embora. Antes de ele morar no bairro do Rodeio, ele morava na colónia, perto da ressaca, era soldado também, e fazia esse percurso da cidade à colónia e muitas vezes escutava o rosnar de lobisomem no mato. Salienta-se que a coloração da pelagem do lobisomem é conforme a cor da pessoa, se a pessoa branca, negra, morena, certamente o lobisomem será sucessivamente branco, preto, marrom.

Ainda conta que lá no morrinho, perto da Jacobina, tinha um homem que virava lobisomem e vinha de lá para o Bairro do Rodeio. O local era cultivo de cana-de-açúcar, e muitas vezes achavam-no de "madrugadinha" todo rasgado ou nu. Descobriram porque ele foi visitar o sogro, com sua mulher, e no caminho, ao notar que estava virando lobisomem, falou que para mulher que estava com dor de barriga e foi atrás de um capão, e demorou um pouco, e o próprio atacou a mulher, e a mulher estava com um vestido vermelho, e na fuga, ela subiu em uma árvore, e o lobisomem conseguiu rasgar um pedaço de seu vestido com os dentes. O homem saiu lá do capão e a mulher explicou o ocorrido e ele disse que não escutou nada, e seguiram para casa do sogro. Ao chegar lá, conversa vai e vem, ele não era de sorrir muito, mas com uma piada engraçada, ele sorriu e a sua esposa viu o pedacinho do seu vestido enfiado entre o dente do marido. Assim, ela sabia do segredo do marido, que antes de morrer pediu para a mulher que não deixasse ninguém dar banho ou trocarem sua roupa, a não ser ela. E a morte dele, dizem que foi muito feia, morria e voltava, com um urro horripilante.

Havia um homem que morava no começo do bairro Garcez, que dizem ser ele o próprio tinhoso, pelo fato que todas as luas cheias ele acordava na praia da baia da palha, nu, ou com as roupas todas rasgadas no corpo. Dona Jorgina Xavier das Neves, esposa do Senhor Constantino afirma nessa entrevista que o seu irmão virava lobisomem, e um rapaz perto da casa deles também.

E há muitos anos atrás o soldado do Exército Carlos Ardaia (*), conta sua sobrinha, Maria Elizia Mendes Ardaia, que ele vinha em companhia de seus colegas soldados de uma festa, a Rua Radial 01 era somente uma estrada com muito colonial e mato, então o povo andava pelos trilhos de carroça e cavalos, e muito deserta com moradores aqui e outro acolá. E vinham conversando sobre o baile, quando foram surpreendidos pelo lobisomen, todo peludo, com dentes afiados, e o soldado Carlos Ardaia com seus amigos teve que enfrentar a fera com pedaços de paus que encontraram pela frente, e o lobisomem fugiu. Ao amanhecer foram na casa do suspeito, um senhor que morava na beira Rio Paraguai, atualmente "Carne Seca". O senhor estava todo machucado com as bordoadas que levará.

As pessoas antigas acreditam que ainda tem lobisomem, mas com as mulheres procriando poucos filhos, no máximo três, fica difícil terem sete filhos masculinos ou femininos seguidos, que é a origem do lobisomem, visto que no caso feminino vira bruxa.

PORCA ESPINHO

A porca espinho era mulher que abortava filhos, sendo seu castigo virar porca espinho junto com a quantidade de filhos que abortava, e aparecia a noite atacando quem atravessasse em seu caminho.

Relatos diziam que há muito ano atrás atualmente próximo à Praça Duque de Caxias, havia uma casa chamada de "Bico Quente", onde funcionava uma casa de mulheres solteiras, e tinha uma ou outra que abortavam os filhos, e segundo o Senhor Apolinário Senábio (*), contava aos seus filhos que a mulher virava porca espinho e vinha atacar as pessoas no Bairro do Rodeio.

Outros dizem que no atual bairro São Lourenço, tem uma senhora que vira até hoje, e nomeou alguns nomes de pessoas supostamente que virava porca espinho. E a cena é comum em todas, pois saem pelas ruas com sua ninhada de porquinhos espinhos, e aqueles momentos que passam juntos, ela ama aqueles filhotes que um dia tirou-lhes à vida, e cuida-os com muito ciúme, por isso ataca os que passam perto.

O HOMEM DE BRANCO

A senhora Jorgina Xavier das Neves (75 anos de idade), afirma ter visto o homem de branco. Ele era magro e muito alto, andava com roupas brancas. Aparecia à noite, batia nas portas das casas, e não dizia nada e sumia. Uma noite acompanhada de dois filhos e deixando o resto em casa, foi até a vizinha, que não era muito perto, e ao chegar escutou os cachorros latirem em sua casa, como coração de mãe não se engana, sentiu uma coisa ruim por dentro despediu e foi quase correndo para casa, e de longe ao iluminar com a lanterna, viu aquele homem de branco, e apresou gritando:

"-Ei, moço! O que você quer?"

O homem ao ver que ela aproximava saiu em direção do mato, mas dona Jorgina não temeu, correu e iluminou o homem pelas costas, que desapareceu. Ao voltar as crianças que estavam dentro da casa, riam, pensando que era dona Jorgina que estava batendo à porta, mal sabiam eles o que estava batendo.

Mas conforme os vizinhos de vez em quando ele aparecia.

TATU BOLA

Surgiu há muitos anos no Bairro do Rodeio, um homem muito ruim de coração, que bebia muito e ao chegar em casa batia nos filhos e na mulher. Seu lar não reinava paz, era só desarmonia, com xingos e reclamações.

Uma certa noite vinha o homem para sua casa, estava muito bêbado, e no caminho encontrou um filhote de tatu bola, que ao ver que o homem aproximava tratou de se defender virando uma bolinha. Mas o homem, não respeitou o pobre do animalzinho, chutou, xingou, e chutava para lá e para cá, rindo e fazendo algazarra.

Após, alguns anos, o homem não mudará nada em sua vida, mas certa noite, aos gritos e choros da sua mulher popularmente chamada de "Xadica", escutaram um barulho mais forte e ao olharem viram um tatu bola em pé, maior que um homem, e bateu no homem, quebrou sua cozinha e acreditem parecia até o tinhoso, porém pessoas mais velhas dizem que foi a vingança da natureza. E até hoje de ano em ano ele vem e faz o mesmo ritual, porém se a família não briga, não xinga, não volta mais.

Na casa de Senhor Gregório, de dona Maria, também ocorre todo o ano, pois lá filho não respeita pai, ficam de mal, xingam, relata dona Jorgina Xavier das Neves, que fala que é "o coisa ruim".

KHASSANDRA GREEN
Enviado por KHASSANDRA GREEN em 25/04/2008
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