MESTRE ANDRÉ ( Uma história de amor para toda a vida)

Queria registrar a tua história em todos os lugares, para imortalizar-te, pois és um ser muito especial em minha vida, alguém de quem não tenho nada a reclamar, só agradecer pelo presente que o Papai do céu me deu...

Sei que não vás querer nada ostentoso no teu túmulo, basta um aqui jaz, mas em vida, quero prestar-te homenagem, dizer que tu és o melhor pai que alguém gostaria de ter sempre ao meu lado és meu mestre, meu amigo querido, meu grande amor, exemplo de pai, de amigo e de fiel servo do Senhor.

Há quarenta e nove anos...na cidade Altamira, estado do Pará, foste trabalhar nas roças do seu Elias. Nordestino, pela clara, dono de cafezais e pai de moças muito bonitas, tu , logo que colocaste teus olhos na mais nova, ficaste enamorado. Ela só tinha dezesseis anos quase dezessete, uma criança para os seus pais.

Tu não viste naquele momento as dificuldades que surgiriam, uma delas era que o pai da Elizabeth, esse era o nome da jovem, sonhara com um casamento consangüíneo para a filha (não queria misturar o sangue com outras famílias), ele falava. Jamais imaginaria que tu, André, moço calado, pacato, olhos baços, filho de um negro com uma índia ousaria pensar em namorar a sua filha, seria como o sapo namorando a lua. Mas...

Tu foste corajoso, ousado e falaste em namoro para a jovem, que aceitou de imediato, e, quando resolveram contar para o pai... tu saiste expulso da fazenda, além de não poder namorar a Elizabeth, também perdeste o emprego.

O que fazer? Desistir? Não...

Tu nunca desistias...

E, acabaste roubando a moça para junto de ti...

Tua Beth agora era a tua esposa, sem a benção dos pais.

Tiveram cinco filhas, uma, veio a falecer ainda criança, mas as outras, lindas morenas, cresceram com graça e o pai da Elizabeth, se encantou com as netas morenas, tu mostraste que eras um homem de responsabilidade, fizestes sempre tua mulher feliz.

André, hoje estás com 81 anos, feliz ao lado da tua Beth. Todos os dias, preparas o café e o leva para o teu amor . Teus olhos, já não enxergam muito bem, mas mantém o brilho cada vez que pousam sobre a tua esposa...Ficas a lembrar que tudo o que fizeste em nome do amor, foi válido, até mesmo raptar a mulher da tua vida.

Observo-te caminhar devagar, os pés que correram... hoje caminham, não tão rápido, mas ainda firmes, te conduzem ora para a igreja, ora para o jardim que tens em tua casa, vejo que todos os dias tu sentas em meio às flores para ouvires notícias esportivas no rádio. Hoje estás a sorrir, sinal que o teu time está ganhando.

Depois de todos esses anos, conheço-te como a palma de minha mão. Ainda lembro quando em criança, me colocavas na perna e me fazias pular, falando: “Cavalinho, cavalinho, pula, pula meu benzinho...”. eu pulava e gargalhava.

Nunca levantaste a mão para me disciplinar, mas quando preciso, chamava-me a atenção, valia mais que mil palmadas.

BENEDITO ANDRÉ DOS SANTOS presto-te essa homenagem em vida, pois quero que saibas que o meu amor é imensurável, e não gostaria de falar sobre tua pessoa só depois que tivesses partido, nunca saberias de tudo o que sinto por ti.

Tua benção, meu pai. Obrigada por inculcar em mim valores arraigados por toda a minha vida.

Adi
Enviado por Adi em 01/05/2008
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