¨Eu amo minha esposa¨

Geraldão chega no Social Clube, para a reunião do conselho, que vai tratar das homenagens às esposas, mulheres do bairro, no Dia Internacional da Mulher; quando ao final da reunião, pede a atenção dos companheiros e diz da sua singela homenagem que vai fazer à sua esposa, mulher amada, devotada, honesta, bonita e gostosa:

- Vou fazer um plástico e colocar no meu carro com os seguintes dizeres, bem assim, ¨Eu Amo Minha Esposa ¨, o que vocês acham...

É claro que todos gostaram da idéia e as opiniões se perderam num processo de falação constante até a hora do almoço, quando a reunião acabou.

Naquele dia 8 de março, Geraldão saiu cedo, foi até a gráfica, pegou aquele plástico e o colou no vidro traseiro do seu fusquinha e estacionou em frente ao seu portão e ficou contemplando os outros vizinhos para ver se fora imitado na idéia que teve, ficou satisfeito, pois não viu ninguém com a mesma homenagem, pegou um molho de rosas de dentro do fusca e partiu para dentro de sua casa, abraçou, beijou e disse à sua esposa para vir com ele até portão para ver uma surpresa preparada para ela.

Ao chegar ao portão a mulher de Geraldão não sabia o que fazer, agarrava-o e o beijava efusivamente em frente as suas vizinhas, que aglomeradas e cheias de inveja se acotovelavam em seus portões até o momento da chegada do Carlão, morador, sujeito temido pelos homens do bairro, corpo atlético, filho único e solteiro, que estacionou o seu opala cupê, cor de sangue, que dirigiu um oi para todos e deu uma olhada de soslaio para a mulher de Geraldão, que ficou toda encabulada e muito mais ainda quando ouviu risadas uníssonas de suas vizinhas, que ao perceber o motivo, tentava puxar Geraldão para dentro de casa, que embasbacado, contemplava o carro do Carlão, mais exatamente, o plástico afixado que dizia: ¨ Eu Também ¨.

Vicente Freire

08/12/2000.