Aventuras na África II

Diário - 25/06/2008

Descobri, hoje, que injeção em Angola é pica. Compreensível, considerando-se que no Brasil também usamos a expressão “levar uma picada de agulha”. Aqui, entretanto, não é bem assim que se diz.

Ontem à noite no Refeitório eu conversava durante o jantar com o enfermeiro, um brasileiro negro de São Paulo, quando alguns angolanos se aproximaram muito solícitos (eles são realmente de natureza educada e respeitosa).

- Nosso amigo aqui está a passar muito mal, achamos que adquiriu malária. Que podes fazer por ele? – disse um deles.

O enfermeiro olhou para o rapaz doente e lhe perguntou: - Quais são teus sintomas?

- Muita dor de cabeça, febre, mal estar, muita vontade de vomitar…

- Você ainda quer gozar a vida?

- Claro, meu senhorio!

- Pois então vai ter que levar a pica!

- Pode ser no braço?

- Não, dói muito! Tem que ser na bunda mesmo…

- Pois então, meu senhorio, bota logo a pica na minha bunda que eu ainda quero gozar muito nesta vida! (obviamente naquele sotaque português que, para nós brasileiros, torna tudo mais engraçado ainda).

Pensam que ri? Nem um pouco. Por fora… (claro que por dentro era inevitável, mas eu sabia que havia diferenças entre nossas culturas e já vim preparado para respeitar isso). Depois que os angolanos se retiraram, obviamente eu e o enfermeiro conversamos a respeito e ele confirmou o que eu já havia deduzido – que o rapaz ia apenas tomar uma injeção nas nádegas…

Lourenço Oliveira
Enviado por Lourenço Oliveira em 25/06/2008
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