O TARADO

Certa vez eu estava campeando um bezerro que havia sumido. Perdi quase um dia de trabalho. Finalmente eu o encontrei em um brejo, atolado. A duras penas consegui libertá-lo e voltei conduzindo-o amarrado a uma corda pelas trilhas poeirentas. Passando pela ponte do Ribeirão, onde era a Fonte onde as mulheres lavavam suas roupas, encontrei-me com uma comadre que vinha andando para o meu lado com a bacia de roupas apoiada nas ancas. Ela olhava para os lados, assustada. Perguntei:

-Que que foi comadre? O que aconteceu? a senhora parece estar assombrada...

-Compadre do céu! O senhor nem imagina o que aconteceu...

-Que que foi, comadre fala duma vez!

-Compadre eu estava ali debaixo da ponte, quando apareceu um tarado com uma garrucha desse tamanho...

-Credo em cruz, comadre, que homem da garrucha grande...

-Ele me enfiou a garrucha na cara e falou:

-Ou dá ou morre!

-Nossa Senhora da Aparecida, comadre e o que que foi que a senhora fez?

A comadre respondeu na bucha:

-Ah, eu morri, né compadre?

* * *

HERCULANO VANDERLI DE SOUSA
Enviado por HERCULANO VANDERLI DE SOUSA em 05/07/2008
Código do texto: T1065577