O TARADO
Certa vez eu estava campeando um bezerro que havia sumido. Perdi quase um dia de trabalho. Finalmente eu o encontrei em um brejo, atolado. A duras penas consegui libertá-lo e voltei conduzindo-o amarrado a uma corda pelas trilhas poeirentas. Passando pela ponte do Ribeirão, onde era a Fonte onde as mulheres lavavam suas roupas, encontrei-me com uma comadre que vinha andando para o meu lado com a bacia de roupas apoiada nas ancas. Ela olhava para os lados, assustada. Perguntei:
-Que que foi comadre? O que aconteceu? a senhora parece estar assombrada...
-Compadre do céu! O senhor nem imagina o que aconteceu...
-Que que foi, comadre fala duma vez!
-Compadre eu estava ali debaixo da ponte, quando apareceu um tarado com uma garrucha desse tamanho...
-Credo em cruz, comadre, que homem da garrucha grande...
-Ele me enfiou a garrucha na cara e falou:
-Ou dá ou morre!
-Nossa Senhora da Aparecida, comadre e o que que foi que a senhora fez?
A comadre respondeu na bucha:
-Ah, eu morri, né compadre?
* * *