O CANDIDATO BÊBADO E SEU DISCURSO
Certa vez apareceu em nossa região, um candidato a deputado,"garimpando"votos. Ia ele e sua comitiva passando pelas cidades e organizando comicios. Uma vez indo a uma certa cidade passaram por um povoado. Um puxa-saco falou:
-Doutor, ali naquele povoado, se fabrica a melhor cachaça da região, totalmente artezanal, o engenho é movido a bois, a produção é pequena e o dono só vende um litro por pessoa.
O doutor não era pai-de-santo, mas era chegado em um marafo. Resolveu passar por lá e provar da maravilha. Era dia de festa de Nossa Senhora do Rosário, o povoado estava lotado. Havia "ternos" de congado de várias cidades da região. O Candidato sentou-se em um boteco e ficou admirando os dançarinos enfeitados, que ao som de sanfonas e instrumentos artesanais dançavam freneticamente.
Ele gostou da branquinha. A "marvada" descia que nem seda no gogó.
Um de seus acompanhantes alugou um caminhão e fez dele um palanque improvisado. Organizou a toque de caixa um comício para aproveitar aquele aglomeramento. O candidato "errou a bula", perdeu a conta de quantas bebeu.
Teve que ser ajudado a subir na carroçaria do caminhão. E o povo curioso, se aglomerou frente ao caminhão. Ele após ser apresentado, sem microfone, falou algumas abobrinhas enaltecendo o povo e a cachaça da região. Estava com os miolos embotados pelos vapores etílicos. Deu um branco em sua cabeça, ele procurava, procurava as palavras e elas não saiam. Resolveu então perguntar pelas carências da região e depois faria promessas vãs. E ia perguntando e o povo respondendo:
-Aqui tem hospital?
-Nãããoo!
-Aqui tem energia elétrica?
-Nãããooo!
-Aqui tem água encanada?
-Nãããooo!
-Aqui tem escola?
-Nãããoo!
De repente seus neurônios entraram em erupção, então profundamente irritado consigo mesmo berrou:
-Então porque vocês não mudam dessa merda!...
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