Minhas paralelas  caminhadas  na Advocacia....

 

Alguns dias atrás, fui ao tradicional Mercado de Campinas Bairro de Goiânia,  comprar uma farinha especial, afrodisíaca (brincaderinha), uma farinha temperada e frita na manteiga de leite, pimenta e cheiro verde, boa para embutido de aves, peixes e até carnes, quando na Banca da Esfirra especial, encontrei um amigo do tempo do onça sem pinta,  quando iniciamos a nossa advocacia, sem dinheiro, sem escritório, sem conhecimento mas com muita vontade de chegar em algum lugar, bom tempo.

 Relembramos de nosso primeiro escritório, imóvel este,  pertencente a um amigo de meu pai, o  brima ABDON, que alugava brás nois mas bostava que trabalhasse de graça nas ações. O escritório do brima era difícil, telhas francesas e de zinco, baixo, esquentava mais que a bunda de uma capetinha no cio !!! até os insetos passavam longe daquela sauninha com medo de virar tira gosto, mas com a graça de Allá foi onde começamos exercer nossa profissão.

 Ao testarmos  as delícias de  esfirras abertas maravilhosas, biscoitos fritos sequinhos, pasteis e um excelente café passado no saco, observando muitas mulheres deliciosas (com todo o respeito), com os cabelos molhados, chinelas de dedo, mas elegantemente em seus vestidos soltos e largos, delineando os corpos mágicos,   fazendo compras de verduras e outros degustantes alimentos,  lembramos de algumas passagens sacanas que fizemos, então vai uma:

Seu Abdon, brima de primeira linha, gostava de pagar a conta com serviços, sempre tinha em haver, sempre alguém quando não lhe devia dinheiro lhe devia muito favor, ele era dono de algumas casas na nossa querida Campininha, uma loja de tecidos c/c aviamentos, levando sua vidinha tranqüila.

Sempre chegava com seu Aerowilles beje, teto marron, último estilo, estacionava na porta do escritório, apresentando impecável com seu termo caqui de linho 120, bem amarrotado (quanto mais amarrotado mais chique...) e lá vinha reclamar dos consertos, dos serviços, dos vazamentos, do telhado, da pintura, e depois saia parecendo que era o Sheik de Agadir.

Então certo dia, aprontamos uma, esperamos ele chegar e estacionar o carro e sair passeando todo serelepe distribuindo sorriso para as morenas bonitinhas, combinamos com um truculento agente de policia chamado Tição, um grande cara em todos os sentidos, pesava entorno 160 kgs e 1.95 de altura, brincava com pneus de caminhão 11/13 como fosse bola de basquete e era dono de uma vespa toda esquartejada para encostar a dita bem atrás do carro do brima Abdon, desmontar diversas peças de maneira que ao encostar ela cairia e desmontava todinha, justamente o que feito. A quadrilha que gostava de um acontecimento lírico, estava em ação, dois advogados iniciantes e um Agente de Polícia adorador de confusão,  famoso pela sua educação e tratamento com os delinguelos e estrojantes ninfáticos criminais. Quando não ajeitava o elemento com uma conversa rouca de pé de orelha , solicitava solistamente que o mala se retirasse da região delineada por sua varredura sob pena de.....

Tudo armado, inclusive com a colaboração de uma grande amiga nossa a rosinha que para arrematar iria passar diante ao nosso Amigo para fazer o pano ou seja, desviar atenção até que ele desse a bendita ré.

Tudo dentro dos detalhes, quando naquele momento  chegou o Amigo Abdon todo cheio de si, entrou no carro, despediu de todo mundo e olhou para rosinha, morena cor de canela, cheirosa, cintura de pilão e traseira com uma maravilhosa visão desfilando como no calçadão da  praia de Leblon, todos os olhares para si, aquele clima no ar, carro ligado, tensão, tesão, plask...., plink...., brloc.., strumbc....,crashsssssssssss......

Pedaços de vespa para todo o lado, a gordinha ficou magrela, parecendo uma garelle de regime, todos fizemos caras de assustados, quando o sarnento de meu sócio grito, É A VESPA DO TIÇÃO, olhe ele já esta chegando, o pau vai quebrar...!!!!!!

O amigo Abdom, saiu do carro com aquele charme olhou para a vespa ...olhou para o Tição... O Tição com os olhos esbugalhados gritou: Filho de uma camela !!!!! você acabou com a minha vespinha, novinha, apenas com alguns arranhões, vou querer indenização, vou querer outra....senão vou primeiro amassar todo o teu carrão, depois cortar os bancos de couro na navalha e ai vou pegar você e fazer uma kafita bem temperada, separando você de seu instrumento musical....

O amigo Abdom, desconcertado pensou....pensou...olhou para mim e disse, Allá...Allá.. ainda brem...ainda brem.. que eu tenho o belhor abcovago do mundo, brima do coração... que vai ficar 3 anos sem bragar luguel depois que eu reformar o escritório e ele ficar brem bronitinho.... e que tambrém vai receber todos os seus dinheirinhos dos trabalhindos brestados..... Me dá a brocuração que assino agora, o Sr. Tição já vai  conversar com ele agora... porque o Sr. Está muito nervoso, e eu estou de saída porque tenho um compromisso agora...salamaleiko... e vazou !!!!!!

Resumo da épora (sei que ópera tá), conseguimos renovar a vespinha do Tição, ter o escritório arrumadinho  durante os três anos, recebemos parte dos serviços, finalmente o Amigo Abdom amasiou com a rosinha e mudou para o Interior e estão felizes até hoje com 3 filhos já casados.

 

Assim, após despedir deste meu grande e antigo amigo (inclusive já escreveu no recanto), resolvi a registrar esta passagem, para demonstrar que vida de advogado é dura, árdua, cheias de muitos baixos e alguns altos, mas divertimos muito para compensar a morte que algumas vezes chega mais cedo, como deste meu amigo que sofreu um avc alguns dias atrás  e partiu para visitar também o mercado celestial. Deus te ponha virtude....

Kulayb
Enviado por Kulayb em 02/09/2008
Reeditado em 02/09/2008
Código do texto: T1157754
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