Palhaço Sucatão II

"Possuía um tom de tragédia.

O ar pesado era seu piscar de solidão.

O vazio daquela noite sem luar

era um suspiro do coração.

Não havia rosas, tampouco tomates.

Se bem que estes eram dispensáveis.

Se bem que seus meneios eram louváveis.

Não podia mais se não havia público.

Baixou as lonas e romperam-se, assim,

os grilhões...

Rompeu-se o ciclo vicioso que conservara-se

até ali, há três gerações...

Se nem o público vinha achar graça

de sua própria desgraça...

A maquiagem rubra despencou.

O olhar atento e vivaz desesperou.

O palhaço não é equilibrista, por isso

é levado pela demência.

O palhaço não é malabarista,

nem poupado pela clemência..."

Andrea Sá
Enviado por Andrea Sá em 02/03/2006
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