HUMOR DA MINHA VIDA II

Para melhor entender, como tudo começou, vou contar-lhes o que eu fiquei sabendo através dos tempos.

Meus pais se casaram, no mesmo dia que o meu pai nasceu (vejam como é incrível!): isto é no dia vinte e quatro de julho de mil novecentos e cinqüenta e três. Porém, vinte e cinco anos depois do seu nascimento, no auge da sua mocidade, na Igreja Matriz, de nossa cidade Quixeré. E daí preparem-se para contar: em oito de abril de mil novecentos e cinqüenta e quatro, após oito meses e quatorze dias do casamento, o meu irmão primeiro nasceu (Walter é seu nome), abrindo o caminho para o segundo, que rima com o nome dele: Raimundo! Chegou aos nove dias de março de mil novecentos e cinqüenta e cinco. Em dezenove de maio de mil novecentos e cinqüenta e seis, mês de Maria, nasceu a Cely, primogênita de minha mãe. Aos três de abril de mil novecentos e cinqüenta e sete, nasceu o Ulysses, o terceiro filho homem; e repetindo o mês de abril pela terceira vez, no dia vinte, um ano e dezessete dias depois, nasceu o Wagner, lembrando que naquele ano o Nordeste do Brasil viveu uma grande seca: a SECA DE CINQUENTA E OITO. E novamente em maio, só que, de mil novecentos e cinqüenta e nove, no dia vinte e um, nasceu a Carmem, segunda filha. E, como os meus pais eram bons de pontaria, no dia trinta e um de maio de mil novecentos e sessenta, nasceu à terceira filha, Eliane que, ao contrario do Wagner, veio com boas chuvas, numa época de muita fartura: a CHEIA DE SESSENTA; e o melhor estava por vir. Eu sei que vocês não se deram ao trabalho de somar, quantos filhos já tinham meus pais aquela altura, porque depois de uma gravidez muito complicada, com fé e muita esperança, minha mãe deu à luz este filho, que lhes fala; o oitavo da prole, aos dez de novembro de mil novecentos e sessenta e um. E, de novo, a pontaria funcionou, pois, no dia vinte e nove de novembro do ano seguinte, nasceu o sexto filho homem, Expedito, que teve uma vida breve, pois, em fevereiro de mil novecentos e sessenta e três, ele partiu como um anjo para o céu. E com ele, meus pais deram uma “menopausa”, uma pequena pausa na procriação.

Em dezenove de Janeiro de mil novecentos e sessenta e quatro, nasceu a Das Dores, a quarta filha, única nascida em Janeiro, dois meses antes da REVOLUÇÃO ou DITADURA MILITAR (cada um conclua com as informações que tenha ao seu alcance). No dia doze de abril de mil novecentos e sessenta e cinco, na maternidade, de Limoeiro do Norte CE, cidade vizinha, distante apenas quinze quilômetros, nasceu o Nivardo, o sétimo filho homem, o quarto nascido em abril, e o décimo primeiro e último: e, com ele, o fim da reprodução, da minha santa mãe!

Tildé
Enviado por Tildé em 15/09/2008
Código do texto: T1178680
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