Babá de cachorro

Há anos criamos um poodle.

Branquinho, peludo, fofo, era um amor de cachorrinho quando veio morar conosco.

Foi crescendo, aprendendo truques, conquistando corações, tomando conta de um espaço cada vez maior.

Natural que assim fosse, pois, em casa de velhos, o que não falta é carência, ou melhor, amor pra dar.

O poodle cresceu e apareceu.

Tornou-se o dono de quase tudo.

Sabe o melhor lugar no sofá da sala de televisão? -Era dele!

Sabe o colo da vovó? -Era só dele!

Sabe o pedaço mais macio do frango do almoço de domingo? -Era dele!

Também o tapete novo, a almofada da cadeira do alpendre, a atenção dos netinhos, todos os afagos, todos os carinhos...

Ninguém entrava nesta casa, sem passar pela inspeção do pequeno ditador canino.

Seu latido estridente e insistente punha pra correr até os amigos mais chegados da família!

Hoje, aos 12 anos (quanto será que isso vale em idade humana?), velhinho e rabujento, sua diversão preferida é trocar os dias pelas noites e vice-versa.

Late homeopaticamente durante toda a madrugada, em intervalos regulares, perturbando o sono mais leve da casa: o meu!

Parece que o mimado reizinho instalou câmeras de observação no meu quarto, pois basta eu coloque a cabeça no travesseiro para que ele comece mais uma sessão de latidos.

Agora, com licença, que sua majestade me chama!

StelaStela
Enviado por StelaStela em 18/09/2008
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