Independência ou Morte
Independência ou morte? (ou a nova versão dos samba do crioulo doido)
Mauro Gouvêa
Em tempos de contemporização e racionalidade, atitudes extremadas como a de D. Pedro I não caberiam no cenário nacional. A famosa frase proferida às margens do Ipiranga na tarde de 7 de setembro de 1822 “Independência ou Morte!”, talvez tivesse outra construção. Algo como: “Independência ou uma alternativa viável!” ou “Independência ou um plebiscito popular”. Não soaria tão heróico, mas certamente estaria mais adequada aos nossos tempos.
O Brasil colônia do século XXI tem como “coroa” ao invés da corte portuguesa, os poderosos do G8, o FMI e os banqueiros internacionais.
Nosso D. Pedro I do século XXI estaria participando de uma trilha de motocross às margens do Ipiranga. Governante moderninho, teria aderido a uma ONG ecológica e seu clube de motociclistas passearia tranqüilamente quanto um mensageiro esbaforido entregaria a mensagem a Pedroca. Seriam as últimas notícias do New York Times. Quando percebeu que sua decisão de permitir a importação de produtos chineses sem maiores barreiras alfandegárias não encontrava contrapartida para nossa exportação de bananas, Pedroca revoltou-se.
O imperador, partidário da globalização desde que D. João VI abriu os portos e as pernas para as nações amigas, achou que os convidados tinham ido longe demais.
Desapeou de sua Harley incrementada, jogou fora seu boton do clube internacional de motos e, com o capacete na mão deu seu famoso grito: “Assim não dá, companheiro!”
Um publicitário que o acompanhava achou que a frase não ficava bem e cunhou uma de maior impacto de marketing, a tal “Independência ou morte!”
Independentes ainda não estamos; mortos, só de raiva.