O Cio da Raposilda

Lá numa tenra puberdade

Num matinho da cidade

A raposa em tênue idade

Perdeu a sua virgindade

Para um cordeiro bem sapeca

Meio que levado da breca ao

Sentir o cheiro do cio da fêmea

Que ela mesma anunciou

À procura do seu homem

Toda metida à graciosa

Ela gritou alto e bom som

Que queria era um macho

Usava de um pseudônimo

Travestida de uma ovelha

Como chapeuzinho vermelho

Abanou o rabinho ao cordeiro

Que ligeiro, fogoso e faceiro

Despiu-a rápido e por inteira

E traçou-a nua e crua ali na beira

Do lago cristalino de um poema

Ela a se ver despida e possuída

Virou ensandecida a bandida

Gritando para a floresta toda

Que não era raposa, mas ovelha

E o cheiro insinuoso que desprendia

Era próprio de sua animal natureza

Ela requisitava de novo o seu hímen

Porque queria casar era na Igreja

E agora seria falada pela inveja

De que não podia mais negar

Que havia adorado ter que dar

Embora temesse que fossem falar

Qual espécie que foi nela fecundada

Porque germina ali em seu útero frio

Nasal de raposa com pele de cordeira

A Raposilda não sabia o que viria a

Brotar da semente que nasceria do seu ventre.

Hildebrando Menezes

Navegando Amor
Enviado por Navegando Amor em 05/11/2008
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