A VÉIA E O PINICO

CAUSOS DO QUINZINHO

Bão ieu vô conta proceis, um causo duma veia qui morava na roça. Ela morava só ela e o marido dela. E um dia o marido dela morreu e ela ficô sozinha lá né, naquele tempo, num tinha essa apusentaduria da viiça e ela veio morá na cidade cum fio dela. Esse fio dela era casado e ela veio morá cum ele e cum a muié dele. Ela era uma muiezinha muito humirde, muito pobre, e morava numa casinha de sapé, e na casa dela num tinha nem privada não, ela tava acustumada a fazê as pricisão dela nas moita de bananera.

E a casa do fio dela, era uma casinha inté mais ô meno, né, casa de teia, tinha chuvero dento de casa e aquela privada, né que o nego sorta o barro dento daqueles vaso, né, eh, eh, eh, e despois puxa uma curdinha e aquela imundiça vai imbora junto cum a água, pra onde, Deus sabe...

E a véia num tava acustumada cum aqueles mioramento não, era fazia as nicissidade dela era num pinico que ela punha dibaxo da cama.A nora dela pelejava pra insiná ela usá a privada de dento de casa, mas era baxo que ela aprindia. E a Nora dela gostava muito dela num tinha corage de raiá cum ela, de manhã cedo ela tinha que pegá o pinico dela atravessá a casa toda cum aquela porcariada, impestano a casa toda, e jogá aquilo no vaso e dá a discarga. E ela foi cansano daquilo, num tinha corage de falá cum o marido. Um dia ela tava cunversano cum um casal de vizinho, e contano pra eles da increnca da veia cum o pinico. O vizinho dela era sordadô, mixia cum sorda, né, falô cum ela:

-Vô te dá umas pedra de carboreto, carboreto, pra quem num sabe é umas pedra de fogo, que se a gente pô elas dento dágua, elas pega fogo, usada pra fazê sorda, e falô cum ela:

-Hora que a véia drumi, ocê põe essas pedra dento do pinico dela, e a hora que ela uriná dento do pinico, ocê vai vê o que que vai acuntecê, ela nunca mais vai querê vê pinico na frente dela eh, eh, eh...

E ele deu as pedra pra muié dento duma latinha fechada, e a muié num cunchecia aquilo né...

E assim ela feiz. Pois as pedra dento do pinico e foi deitá. De manhã cedo, ainda tava iscuro, a véia rastô o pinico, acordano a nora que ficô de butuca ligada. E a veia incocorô inriba desse pinico e sortô a garapa dento dele, eh, eh, eh...hora qui a urina caiu inrriba dessas pedra, deu só aquele chiado ansim SHHHHHHHHHHH!!!!! Iguar hora qui a gente infia um tição de fogo aceso dento dáqua. Subiu um vaporão de dento desse pinico, essa véia pulô pra riba e subiu umas labareda quais quemano a precheca dela eh, eh, eh, sapecô as viria dela...

E ela nunca mais quis sabê de pinico não...

* * *

Causo narrado no CD "Quinzinho 2"

HERCULANO VANDERLI DE SOUSA
Enviado por HERCULANO VANDERLI DE SOUSA em 17/11/2008
Código do texto: T1287718