O almoço de noivado

Minha avó Antonia, contava muitas histórias de sua mocidade. A que melhor recordo e que já contei centenas de vezes para muita gente, inclusive meus filhos e sobrinhos e que rendeu boas gargalhadas, é a seguinte:

Há muitos anos passados, quando ela era jovem, sua irmã mais velha, estava namorando e iria noivar. Conforme o costume da época seria realizado um almoço com a família para comemorar.A família morava no interior, na colônia, plantavam a terra, criavam animais e viviam sem luxo algum, mas existia fartura, niguém ali passava necessidade.Para o almoço de noivado foi feita muita comida boa, batata-doce cozida, carne de porco assada, mandioca, salada de repolho bem temperada, pepino e cebolas em conserva, feijão reforçado e para sobremesa doce de abóbora com leite de vaca.

O rapaz comeu de tudo um pouco e um pouco de tudo, o que foi muito para ele, como veremos adiante.

Após o almoço, o casal de namorados foi para a sala de visita, noivar...e toda a família foi junto.

Sofá naquele tempo nem pensar, o noivo e a noiva sentaram cada um em uma cadeira de palha em um lado da sala, não muito perto um do outro, para não haver problemas. No outro lado da sala em um compriiiido banco de madeira, sentaram-se o pai da noiva mascando uma lasquinha de madeira a moda de palito de dente, a mãe da noiva, a avó da noiva que morava junto e os dois irmãos e as duas irmãs da noiva.Conversa vai, conversa vem, a avó cochilando no banco, mas não saia dali pois não queria perder nada do acontecimento, o pai só assuntando e a gurizada se mexendo no banco.

Mas ainda estava faltando alguém, que chegou em seguida. Era o cachorro Totó, que foi se achegando, parou para coçar, olhou prá lá e prá cá procurando um lugarzinho para para se acomodar.Olhou para o noivo deu uma abanadinha no rabo e foi deitar embaixo da cadeira do mesmo. Nestas alturas o almoço já estava surtindo efeito, ou melhor sendo digerido, na barriga do noivo e as misturas de repolho, batatas e cebolas e leite, estavam produzindo gases, provocando ruidos suspeitos, deixando o pobre noivo muito apreensivo. Ele se segurou o quanto pôde, mas chegou uma hora que não deu mais e ele soltou um Pum, que saiu espremido. A noiva ficou apavorada, mas o noivo imediatamente olhou para o cachorro, como se o animal que dormia embaixo de sua cadeira fosse o culpado e ela entendeu e falou acanhada e sem muita convicção:

- Sai daí Totó, sai dai.

E o pobre Totó, dormindo inocente, não estava nem aí.

Isso se repetiu mais duas vezes, as crianças seguravam o riso, a avó cochilava, a mãe ficava vermelha e o pai da noiva só assuntava.

No quarto Pum, o noivo novamente olhou para o cachorro e a noiva abriu a boca para tocar o Totó, então o pai achou que aquilo já era demais, levantou do banco e gritou:

- SAIA JÁ DAÍ TOTÓ, ANTES QUE ESSE DESGRAÇADO CAGUE EM CIMA DE VOCÊ.

Anamar Quintana
Enviado por Anamar Quintana em 30/11/2008
Reeditado em 01/02/2009
Código do texto: T1312001
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