Provas para gaúcho macho

Os gaúchos são famosos por sua valentia e geralmente a fama é merecida. Vou relatar uma história que há tempos corre nos galpões, nos CTGs, nos bolichos e nas rodas de chimarrão do Rio Grande do Sul.

O gaúcho, ainda rapazote, mais ou menos 20 anos, já muito calejado pela lida campeira e de uma coragem e honestidade que causava admiração em quem o conhecia, tinha um sonho, um singelo sonho de um gaúcho criado no interior do estado. O sonho era ser membro do Clube dos machos mais machos do rincão. O tal clube tinha sede se não me engano, na cidade de Alegrete e só era admitido no clube quem provasse sem sombra de dúvida que era macho mesmo e tinha que morar na dita cidade. Ocorre que nosso rapaz morava em uma cidade vizinha.

Mas ele não se deu por vencido e tanto fez que a Diretoria do Clube convocou os membros para uma reunião extraordinária para discutir o assunto. Após muitos debates, no qual todo mundo reconhecia a valentia do moço, ficou decidido e lavrado por um fio de bigode de cada membro, que seria aberta uma exceção, porque o moço era realmente digno de ser membro do clube, mas não seria de mão beijada. Ele teria de realizar três provas, escolhidas pela diretoria, para convencer a todos de sua bravura.

No dia marcado, o gaúcho candidato apareceu pilchado e cheio de disposição, faceiro uma barbaridade. Era de linda estampa, alto, forte, pele bronzeada por trabalhar no campo e um feição de gente boa,que conquistava a todos.

A comissão que organizou o evento, tinha convocado até juízes para

acompanhar as provas. O acontecimento correu mundo e tinha gente de todo o estado para prestigiar.

Ele se apresentou e a Diretoria do clube informou que as provas seriam as seguintes:

1º -Tomar de uma vez só, só sem tirar da boca um litro de cachaça de Santo Antônio da Patrulha, a mais forte que existia.

2º- Pentear uma onça.

3º -Depois de tudo isso fazer amor com uma virgem.

Tudo seria acompanhado de perto por três juízes e um pouco mais de longe pela barbaridade de gente que ali se aglomerou para acompanhar as provas.

Se ele conseguisse realizar as provas seria admitido imediatamente no clube. O moço não teve dúvidas, entornou o litro de cachaça e bebeu tudinho. Passou na primeira prova.

Ele não era lá de beber muito, então já ficou um pouquinho grogue.

Mas se aprumou e foi em direção ao cercado em que estava a onça, muito selvagem dando bufos e miados assutadores.

Ele tapeou o chapéu na testa e entrou com passos um tanto incertos, mas resolvido a pegar o bicho a unha e largar penteado. Quando fecharam a porteira do cercado, ninguém conseguia ver mais muito bem, por causa da poeira que levantava do chão. De vez em quando se via os dois embolados, ora o gaúcho estava por cima, ora estava por baixo, e eram gritos e miados tremendos que arrepiavam a platéia. Depois de uns 15 minutos a poeira começou a baixar e deu pra ver a onça deitada, resfolegando de lingua de fora, com um estranho olhar manso. O gaúcho em situação de miséria, todo esfarrapado, esfolado,arranhado e empoeirado, abriu a porteira e cambaleante chegou em frente aos juízes,com a mão no que sobrou do bolso da bombacha e perguntou:

- E AÍ VIVENTES, ONDE É QUE ESTÁ A VIRGEM QUE EU TENHO QUE PENTEAR?

Os juízes ficaram boquiabertos e silenciosos e a platéia quando entendeu o acontecido, gritava tanto que parecia que o mundo vinha abaixo.

FOI ADMITIDO IMEDIATAMENTE NO CLUBE DOS MACHOS SEM PRECISAR DE MAIS NENHUMA PROVA.